OS PARADIGMAS (1) DA COMUNICAÇÃO

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Professor do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense.
Universidade Federal Fluminense

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Resumo

Este artigo é baseado em aspectos do relatório final de pesquisa do pós-doutorado (com bolsa do CNPq) de Luís Carlos Lopes (2) na Sorbonne (Paris 1) sob a direção de Philippe Breton. No texto que segue, há uma proposta de compreensão dos paradigmas do campo de estudo comunicacionais, a partir da discussão dos significados paradigmáticos das ciências de modo geral. O autor discute igualmente as teorias e paradigmas propostos por Philippe Breton (3), no que se refere à compreensão do fenômeno comunicacional.

 

O mapeamento do campo dos estudos comunicacionais e, especificamente, da pesquisa em comunicação coloca o problema dos paradigmas de onde partem os pesquisadores. Este ponto de partida, além de ser sempre problemático, em qualquer área do saber humano, condiciona os passos da investigação e influencia suas conclusões. Se a percepção humana também se baseia em dados apriorísticos aos sentidos, como já discutimos em outro texto, o pesquisador só pode ser compreendido, considerando-se os locais de onde sua pesquisa emerge.

Obviamente, os paradigmas não são artefatos naturais, pré-existentes ou a serem descobertos. Trata-se de invenções do gênero humano, criadas no plano do intelecto, para dar conta da explicação ou compreensão (aí, já temos um problema paradigmático) dos fenômenos da natureza e da sociedade. Estes construtos precisam alcançar alguma credibilidade entre os pares para serem usados no processo investigativo. Ninguém procuraria os agentes infecciosos das doenças na forma de bactérias ou vírus se, no século XIX, não tivessem sido estabelecidos os paradigmas modernos da biologia e da medicina investigativa. Assim como as doenças ou mal-formações genéticas são assim entendidas por efeito das descobertas paradigmáticas neste campo.

Há sempre uma tensão entre os paradigmas estabelecidos e os que ameaçam as certezas antes acreditadas. Por vezes, ainda não se constituiu um novo paradigma, mas algumas novas idéias põem em dúvida os paradigmas que são hegemônicos. Isto termina por gerar apreensões, defecções e controvérsias. Tal como ensina Feyerabend, novos pensamentos nascem, quase sempre, de modo confuso e incompleto, sendo preciso algum tempo para que substituam as crenças pré-existentes.

Destaca-se a convivência a longo termo de paradigmas que se excluem mutuamente ou são incompatíveis entre si. Nas ciências humanas, em que a prova laboratorial e o experimento são difíceis e controversos, é ainda mais fácil a permanência de velhos e novos paradigmas. Se não acreditamos em verdades prontas e em superações absolutas do passado, isto não é, em essência, ruim e negativo.

Em muitos casos, na história das ciências, o que foi demonizado como incorreto voltou à moda, foi reabilitado como aproveitável, mesmo que parcialmente. Veja-se, por exemplo, o retorno triunfal e renovado da retórica, hoje compreendida como parte das novas teorias da argumentação. Várias certezas inabaláveis foram, em outros exemplos contrários, destruídas e consideradas inaceitáveis. Isto não quer dizer que não possa ter havido exagero no processo de substituição e que os novos paradigmas sejam sempre melhores do que os anteriores. Numa abordagem do século XXI, não são mais aceitáveis certezas absolutas e pensamentos fechados a qualquer reconversão. Mas, isto não seria também um paradigma – o do relativismo do saber – discutível e passível de correções?

O exercício da hermenêutica crítica e de profundidade é capaz de proteger o pesquisador de maiores exageros na busca constante de compreender o mundo e as idéias. Para isto, é preciso ver os paradigmas no seu contexto, atores (sujeitos), consistência de suas formulações (argumentos e discursos) e no exame do que realmente sabemos sobre os em exame, antes de adotá-los acriticamente e acreditá-los como uma espécie de ‘pomada maravilha' capaz de curar todos os males de nossa real ignorância.

Mesmo a hermenêutica, que tem várias versões e pontos de vista, pode nos trair na tentativa de compreender melhor a ambiência circundante. Em algumas destas variações, a hermenêutica é apenas um exercício de tautologia reificante, glorificando o argumento da autoridade e os preconceitos, como em Gadamer, ou acreditando, como Habermas, que todo o ato comunicacional não-racional é uma pseudocomunicação ou uma perturbação da mente humana.

O que se critica, ao modo de Feyerabend, é a idéia de que o mundo é um construto matemático divino, tal como acreditavam Galileu, Newton e Descartes, e que não se pode sair de uma linha reta para se alcançar o saber, como na famosa formulação cartesiana, encontrável no Discurso do Método.

Se já estava ou está tudo escrito, o pesquisador é, ao modo positivista, um descobridor que não pode se afastar um milímetro sequer da geometria da natureza e da sociedade. Deve aceitar os fatos, descrevê-los nas suas aparências, prezar pelo consenso e acreditar que é um artífice de Deus e não alguém que cria, produzindo idéias individualmente e coletivamente, fazendo isto como membro de uma sociedade e nos limites de uma época.

Não é casual que o positivismo tenha, em determinado momento histórico, transformado-se em religião e que os seus santos fossem os pensadores e cientistas consagrados. Lá estão no panteão do positivismo, Galileu e Descartes. Assim como temos, em nosso tempo, vários outros pensadores, inclusive no campo das teorias da comunicação, deificados e considerados acima do pecado e da vida mundana. A propensão disto no campo das ciências humanas é notável, especialmente na periferia do capitalismo central, onde são necessários deuses e homens santos que sustentem uma nova religiosidade, que não pára de se retroalimentar: a dos intelectuais e outros acadêmicos.

A libertação destes paradigmas, que organizaram o mundo em que se vive, é tarefa das mais difíceis. Isto só pode ser realizado abandonando-se toda e qualquer certeza apriorística, isto é, não mais acreditar em nada que não provenha da práxis e do leito comum e milenar da cultura humana. Talvez esteja aí o sentido previsível da morte de Deus, anunciada por Marx, e depois, com muito mais ênfase, por Nietzsche.

Aliás, os paradigmas científicos hegemônicos que influenciam a pesquisa em nosso tempo, baseados na idéia de razão, universalidade e objetividade tiveram imensa importância histórica. Liquidaram os seus antecedentes, eliminando, inclusive, as variações especulativas que sempre margeiam a construção de novos paradigmas. Nestas margens, por vezes, estavam importantes sementes de visões mais precisas sobre os problemas da natureza e da sociedade.

Hegel, por exemplo, não deu importância maior à obra de Giordano Bruno, acusando-o de não produzir um sistema de idéias acabado. Galileu foi alçado, depois da incompreensão inicial, como pai da ciência e Bruno, queimado vivo, em vários sentidos, pela Inquisição. Este último foi quase esquecido por todos, menos pelos amantes da liberdade e do saber, que chegaram a compreendê-lo. Não é casual que o processo respondido por Galileu tenha sido concluído pelo atual Papa, no tempo presente. A fogueira que queimou o célebre filósofo que queria ser “rigorosamente acadêmico de nenhuma academia” continua acesa e sua obra pouco estudada e, mesmo ainda, compreendida. Já é clássico o trabalho de Frances Yates sobre o filósofo italiano e é meritória a recuperação atual do problema feita por Alain Gras.

Se quisermos entender os estudos comunicacionais no âmbito das ciências de nosso tempo temos que, em primeiro lugar, quebrar o muro que as separam e ver, como diz Boaventura dos Santos, que toda ciência é uma ciência social, portanto, todo o saber vem e provém dos homens. Se o homem não é a medida de todas as coisas, como queria Protágoras, ele o é, pelo menos, no momento em que analisa algum problema da natureza e da sociedade. Qualquer conhecimento que se pretenda para além da humanidade deve ser visto com alguma suspeição.

O campo de estudos da comunicação será mais ou menos científico, ideológico ou burocrático, na medida em que for incorporável ao conjunto das discussões sobre os significados do pensamento científico hoje e ontem. Será sempre possível discuti-lo em separado, atendendo às exigências ideológicas ou burocráticas das modernas academias. Entretanto, voltar-se-á sempre ao problema de como compreender o importante fenômeno humano da comunicação, sem discutir – comunicando – tudo que envolve as bases paradigmáticas de sua epistemologia. Esta está ancorada aos problemas dos demais saberes humanos. Ao se falar de uma epistemologia da comunicação, estamos, mesmo que não o saibamos, falando das epistemologias das ciências e dos fundamentos paradigmáticos que as consubstanciam.

 

O paradigma informacional

Se considerarmos que os estudos comunicacionais conformam-se, de modo mais evidente, após a Segunda Guerra Mundial, diríamos que o paradigma informacional foi o responsável pela abertura desta senda do conhecimento humano. Os estudos sobre a propaganda política e sobre os efeitos dos meios materiais de comunicação maquínicos de massa fundaram a perspectiva comunicacional e deram origem à especialização nestes estudos. Os trabalhos de Breton, Mattelart, Wolf e de muitos outros recontam a história da fundação desta perspectiva, ancorada, sob o ponto vista intelectual, nos pressupostos do funcionalismo norte-americano.

De acordo com Breton, que abordou o problema em alguns de seus livros e, especificamente, em um de seus artigos, o paradigma informacional deve ser compreendido como a base para o desenvolvimento da internet, bem como dos demais recursos informáticos atuais. Neste processo, o mesmo paradigma teria contribuído na geração de um novo pensamento religioso vinculado à idéia de uma sociedade da informação planetária, de natureza pós-moderna, a qual substituiria a ‘velha' sociedade industrial. Tal reflexão, urdida principalmente nos EUA do fim da Segunda Grande Guerra, teria se generalizado, alcançando o resto do mundo.

Este paradigma – o da informação – ainda está presente em inúmeras pesquisas e em posturas adotadas por inúmeros intelectuais sobre o problema. Causa um certo estranhamento o fato de se perceber que os elementos constitutivos deste paradigma são curiosamente uma mistura das pesquisas e projetos tecnológicos militares e civis, mas, sobretudo militares, com uma certa visão liberal e, ao mesmo tempo, autoritária da vida política e social. Breton, possivelmente, foi o autor que melhor estudou sua genealogia, levantando vários problemas e necessidades de pesquisas que ainda precisam ser feitas.

O paradigma informacional tem tudo a ver com a teoria matemática da comunicação e da informação proposta por Shannon, assim como com a idéia de Turing e Von Neumann de se produzir uma máquina que pensasse. A utopia cibernética de Wiener e outros, tal como Breton insiste em várias de suas obras, foi a responsável pelo fato de hoje falarmos em comunicação.

O mesmo paradigma e todas as idéias a ele relacionadas chegaram às grandes massas urbanas, devido à ampla veiculação midiática das representações de um presente e, sobretudo, de um futuro informacional e informático. Inúmeros livros, periódicos, filmes, peças publicitárias, propagandas governamentais adotam estes modos de ver o mundo sem qualquer problematização. Nota-se que isto já fincou fortes raízes nas crenças socialmente dominantes, fazendo parte da atual cultura. Hoje, esta é, sobretudo, formada por artefatos midiáticos que dialogam de modo contratual com o grande público. Este se transformou no grande auditório invisível do mundo presente. Não é exatamente passivo, mas suas possibilidades de intervir no que recebe são bem reduzidas.

Se, em um passado recente, o automóvel, a geladeira e a TV eram os principais sonhos de consumo popular, hoje, foram acrescentados a estes, o computador, o telefone celular, os serviços de acesso à Internet e a TV por assinatura, entendidos como produtos essenciais à vida. Toda e qualquer novidade de consumo pode se relacionar às novas tecnologias, acreditadas como libertadoras e como signos de integração social. Em exemplos recentes, destaca-se o aumento das vendas das câmeras fotográficas digitais e dos aparelhos de DVD. Dependendo do lócus social, é estabelecida a ordem de prioridade de aquisição, que também depende do modo como a sociedade, em seus vários segmentos, organiza-se economicamente.

Do ponto de vista intelectual, o paradigma informacional está vivo, sobretudo na cibercultura atual, que ainda mistura aspectos tecnológicos, ciência matemática e uma visão política utópica e conservadora sobre os destinos humanos. Se, no início, algum espírito libertário e anarquista presidiu os primeiros esforços, com o tempo, a conversão foi na direção de uma visão, sobretudo no caso específico da cibercultura, da construção de uma sociedade orwelliniana dominada pelas máquinas, onde o que menos importa é a fraternidade entre os seus membros. Os homens e as mulheres virariam, nesta concepção, simples objetos governados de modo reificante pelas máquinas que se apropriariam, inclusive, de suas inteligências e capacidades de criação. Seriam iguais às máquinas, que, por sua vez, seriam iguais aos homens.

A tal da inteligência coletiva só poderia existir se as pessoas fossem interconectadas, tal como uma rede de computadores. Esta utopia, fortemente propalada e naturalizada por vários autores, significaria o fim da inteligência individual, por operar matematicamente, somando, o que não pode ser somado e dividindo ou multiplicando o que não pode ser fruto dos limites aritméticos. A inteligência dos indivíduos nos brinda até hoje com artistas, cientistas e filósofos que tornam nossa vida mais suportável e nos permitem sobreviver na selva das máquinas, tecnologias e em outros objetos de consumo de nosso tempo.

É um mito pensar que muitas pessoas, mesmo que geniais, interligadas por redes de computadores possam superar a capacidade criativa individual. Obviamente, as redes permitiram o aumento e a facilitação de troca de informações. Todavia, não há qualquer prova que isto tenha aumentado a inteligência humana. O atual uso banalizado dos recursos informáticos permite que, em alguns casos, se tenha operado o retardamento das inteligências. O mesmo se pode dizer do uso atual dos meios técnicos de locomoção proporcionariam um desenvolvimento desigual dos músculos e maior tendência às insuficiências cardiorrespiratórias. Portanto, o uso destes recursos pode, como no caso de qualquer outro objeto social do campo da comunicação, fazer avançar ou recuar as capacidades intelectuais e outros atributos humanos.

A cidadania na comunidade virtual não pode passar de limites precisos impostos pela cidadania na comunidade externa à rede, bem como a virtualidade pode ser uma forma engenhosa de se esconder problemas da materialidade. É mesmo muito discutível a idéia da existência de uma cidadania virtual que implicaria acreditar na existência de autênticas cidades no éter. Pensa-se que isto pode ser aceito no plano restrito do simbólico, que funcionaria mais ou menos assim: existe a cidadania porque acredito que as coisas assim se processam. O valor disto, em termos éticos e políticos, pode levar, por exemplo, à retirada de direitos e à ampliação de deveres destes novos cidadãos pelo poder. Tudo isto pode ser veiculado por correios eletrônicos ou ser consultado em sítios específicos. De certo modo, fica mais fácil dizer não quando não é necessário usar a voz e se ter contato direto com o pleiteante de algum direito público ou privado.

Em alguns países ou em fatias de sociedades contemporâneas, limita-se e até mesmo nega-se aos cidadãos o direito de acesso à internet. Em outros, não há qualquer interdição legal ou politicamente circunstancial. Entretanto, há pessoas que não são cidadãos na materialidade da vida e têm tantos problemas sociais e econômicos, que o acesso à rede ou é impossibilitado de fato, ou consiste em atividade pouco relevante. Em ainda outros casos, os problemas para o acesso são muito menores ou quase inexistentes. Todavia, ao entrarem na internet, as pessoas não sabem necessariamente como melhor aproveitar os reais benefícios deste tipo de comunicação. Perdem, em muitos casos, um tempo enorme vendo ou discutindo o sexo dos anjos...

Se a representação matemática do mundo, tão criticada por filósofos como Feyerabend ou matemáticos e físicos como Roger Penrose, fosse a única solução possível para os problemas humanos, mais da metade da humanidade já haveria desaparecido, por estar quase ou completamente alheia a este fenômeno. Não existiria qualquer possibilidade de termos chegado até aqui, porque este é um fenômeno novo, tanto do ponto de vista tecnológico, como também do comunicacional. A comunicação eletrônica não tem como substituir o contato direto entre os homens, que começa no nascimento e vai até a morte. Bilhões de seres humanos vivem sem terem acesso às máquinas digitais. É muito arrogante pensar que o nosso acesso costumeiro a estes engenhos nos torna mais humanos do que aqueles que não os possuem ou não os desejam.

 

O Paradigma Cultural

Este paradigma está associado à escola de Frankfurt, também conhecida pelo epíteto de ‘teoria crítica'. Esta teve a pretensão de rever e humanizar o marxismo, a partir do influxo e da crítica contundente ao modelo do socialismo real, capitaneado pela antiga União Soviética. Produzindo no mundo do capitalismo, os pensadores desta corrente, com várias diferenças, tentaram entender o fenômeno de massas das novas mídias, assim como os seus significados para o devir humano.

O uso do paradigma cultural seduziu inúmeros autores, inclusive os que construíram suas obras, tal como Martin-Barbero, a partir da crítica ao que foi chamado de pessimismo de Adorno e Horkheimer. A idéia de que o fenômeno comunicacional é um fenômeno de cultura data da mesma época da construção do paradigma informacional. Portanto, ambos conviveram e ainda convivem, respondendo, cada um ao seu modo, o que é comunicação.

Em ambos paradigmas, o contexto de surgimento está inicialmente vinculado ao Estados Unidos, país onde as mídias tecnológicas de nosso tempo avançaram mais rapidamente do que em qualquer outro lugar do planeta. A presença dos já citados intelectuais alemães nos EUA é a chave para compreensão do livro intitulado Dialética do Esclarecimento, de tanto sucesso editorial pelo mundo afora. Sem esta presença física, possivelmente a teoria da indústria cultural teria outra formulação. A guerra, a expansão e a universalização dos meios tecnológicos de comunicação de massa tais como a impressão massiva de jornais, revistas e livros, o cinema, o rádio e, por fim, a televisão suscitaram reflexões sobre a intervinculação entre estes e a organização das sociedades contemporâneas.

A obra de McLuhan, apesar de estar mais vinculada ao paradigma informacional, de certo modo respondeu a partir deste, às questões levantadas pelos adeptos da teoria da indústria cultural. O terçar de armas entre estes dois paradigmas percorreu a história das teorias da comunicação da segunda metade do século XX. Paralelamente a este fato, as tecnologias de comunicação cresceram enormemente e configuraram aspectos muito significativos do mundo presente.

A teoria da indústria cultural, pedra de toque dos frankfurtianos, serviu a dois propósitos. Em primeiro lugar, esta visão descortinou o fato de que, no século XX, os padrões comunicacionais humanos haviam se alterado através de meios técnicos, antes inexistentes ou ainda frágeis. Podia-se, pela primeira vez na história humana, falar ao mesmo tempo com um número cada vez maior de pessoas. Era mais fácil uniformizar o pensamento coletivo e isto era facilmente aplicado ao controle social e político. Em segundo lugar, esta visão também analisou em maior profundidade o fato da existência do produto cultural de massa, que significava a possibilidade de lucro através da produção em série, tal como nas fábricas do capitalismo industrial.

Para os autores da teoria crítica, interessados em vencer a barbárie das mídias, o mais importante não era a comunicação da informação, porque eles abominavam a razão instrumental. A vinculação entre a informação e a idéia de uma razão vazia, sem preocupações humanistas, deve ter sido algo evidente. Para eles a defesa da cultura erudita, do assalto promovido pelas mídias, era essencial. Acreditavam que essa era a única cultura legítima e civilizatória, em uma clara abordagem etnocêntrica do problema das culturas humanas.

Observando-se os fatos ocorridos nos últimos cinqüenta anos pode-se dizer que os adeptos da teoria crítica tinham razão em parte. Se por um lado eram preconceituosos em relação às possibilidades dos novos meios técnicos de comunicação, por outro, estavam certos em apontar o surgimento de um amplo mercado da cultura sem maiores preocupações estéticas e também quanto à qualidade e a procedência ética de seus produtos.

O maior equívoco que cometeram foi o de atribuírem aos novos meios técnicos, organizados como um sistema, a principal responsabilidade por esses fatos. De certo modo, foram tecnófobos avant la lettre . Sabe-se, hoje, que estes mesmos meios podem ser usados em vários sentidos e apropriações, e que a cultura erudita não responde a todas necessidades sociais. Não há verdade absoluta na idéia de que o mundo erudito tenha todas as respostas. Nas culturas e indústrias culturais contemporâneas e de massa é possível encontrar alguns valores positivos. Não são apenas lixos, ou, mesmo quando o são, nestes espaços simbólicos se podem encontrar importantes e significativas representações da realidade material e simbólica.

Vindo do seio da teoria crítica, a obra de Habermas diferenciou-se. O autor reviu os postulados desta corrente, fundando suas observações sobre o que é comunicação, muito mais no estudo do comportamento humano do que exatamente no estudo das culturas. Para Habermas, a comunicação é um agir e este pode ser estratégico, quando é decidido e posto em prática sem qualquer consenso; ou comunicativo, quando fundamenta-se no consenso entre as partes envolvidas.

Sem sair completamente do paradigma cultural, Habermas acabou por criar condições para discutir a importância da comunicação como estruturante da vida social e como meio de se resolverem problemas entre os homens. Sua vinculação de origem com a teoria crítica implicou a crença inabalável na razão e na idéia de desvalorizar qualquer ato comunicacional que não proviesse desta.

De certo modo, a práxis dá razão aos dois paradigmas citados. O da informação representa o desenvolvimento cada vez mais efetivo de máquinas e de outros artefatos capazes de substituir o papel direto do homem no processo de transmissão e de alargamento das fronteiras comunicacionais. O cultural relaciona-se à vigilância crítica de intelectuais humanistas, ciosos de suas responsabilidade morais e em busca da compreensão dos problemas da modernidade. Por mais que tenham se equivocado, os adeptos da teoria crítica contribuíram imensamente para a fundamentação ética do que hoje chamamos de ciências da comunicação.

 

Novos Paradigmas da Comunicação

Obviamente, a farta bibliografia sobre o fenômeno da comunicação contém imensas variações paradigmáticas na resposta ao que seria a comunicação. A pesquisa teórica implica sempre escolhas e estas se referem às preferências e identificações entre sujeitos e idéias. O caminho para a determinação de novos paradigmas no campo das ciências da comunicação relaciona-se às inúmeras possibilidades derivadas dos atos comunicacionais. Um autor, aqui escolhido, que vem apresentando uma série de novidades paradigmáticas é Philippe Breton.

Em um dos seus últimos livros, L'Explosion de la Communication à l'aube du XXI siècle , Breton e Proulx dividem a comunicação em três gêneros: informativo, argumentativo e expressivo .

O primeiro – o informativo – refere-se, em um exemplo, à imprensa e sua pretensão, jamais alcançada, de objetividade e universalidade. Segundo os autores, a comunicação informativa estaria, de fato, reduzida à construção de artefatos que se pretenderiam capazes de descrever, sem interpretar ou dar juízo de valor aos fatos ou aos fenômenos observados. Noticiar um atentado, informar a cotação de uma moeda, descrever determinado evento seriam exemplos deste gênero. Neste caso, como nos demais, o gênero informativo seria o dominante, não se excluindo a possibilidade de, secundariamente, aparecerem os demais. Em outro exemplo, a informação estaria nas formulações diretas da conversação, tais como: está frio; faz calor; fulano faleceu ontem: seu enterro é às 15 horas; etc.

O segundo – o argumentativo – seria o mais genérico, estando presente em quase todos os atos comunicacionais. Sobre este, os autores têm um livro específico e menções em vários outros textos, onde teoriza e cita outros autores sobre as chamadas teorias da argumentação. Argumentar, em uma definição breve, seria transportar aos outros idéias que os convenceriam de algo. Tratar-se-ia, portanto, da enunciação, isto é, para um pesquisador argumentar referir-se-ia à valorização do conteúdo dos discursos e da descoberta de suas funções sociais.

O ato de argumentar estaria presente da fala à transmissão televisiva, portando sempre uma mensagem e um juízo de valor sobre determinado problema. Em um jornal, por exemplo, a argumentação estaria mais presente em um artigo de fundo ou em um editorial e, menos, em uma notícia. Tudo isto sempre em termos e com ressalvas. Dizendo-se, por exemplo, que fará frio hoje estaríamos informando. Se acrescentarmos que ‘possivelmente' fará frio hoje, porque estamos no inverno, o tempo está nublado, a previsão metereológica indicou isto no boletim do tempo e, ainda porque, creio que fará frio hoje e quero convencer aos outros desta minha verdade, estaríamos indo além da informação e chegando à argumentação.

O terceiro – o expressivo – seria o referente ao uso da emoção, do sentimento, tal como nas telenovelas, cancioneiro popular, programas de auditório, cerimônias de casamento, funerais, festas comemorativas, declarações de amor etc. Estaria, igualmente, vinculado ao gosto estético, de se considerar bela ou não a obra de arte de qualquer natureza. O grotesco e o sublime podem ser considerados categorias da comunicação expressiva, contando com apropriações muito diferenciadas, de acordo com as crenças dominantes e esposadas pelas sociedades e seus vários segmentos.

A comunicação expressiva, simbolizada pelo uso do grotesco, do sublime, da emoção e do sentimento, é muito usada nos grandes meios técnicos de comunicação de massas. Está, também, muito presente na conversação interpessoal. Habermas chama de comunicação perturbada ou de agir não racional, os atos comunicacionais expressivos baseados na emoção e no sentimento. Estes significariam transportar para os outros mensagens subjetivas, convencendo-os de verdades da vida ou reafirmando certezas pessoais ou de grupo. O cancioneiro popular mundial, em um exemplo, trata, sobretudo, de temas subjetivos relacionados ao amor, comemorando a conquista, lamentando a perda etc. Usando-se o senso comum, é possível dizer que a comunicação expressiva trata dos problemas do gosto, do coração e do ideal de beleza, isto é, de tudo que nos afeta subjetivamente.

Nas mídias contemporâneas, não raro a informação é combinada mais freqüentemente com a expressão do que com a argumentação. Veja-se, por exemplo, o noticiário sobre tragédias humanas, recorrente na imprensa escrita, falada e televisada do Brasil. A dramatização midiática da vida cotidiana é muito comum no mesmo país e em muitos outros. Na internet, o uso da comunicação expressiva supera, em alguns momentos chaves de seu funcionamento, o da comunicação informativa, aliás, a principal razão de sua existência.

Será possível a separação destes três gêneros? Será que em todos não acaba existindo algum nível de argumentação? Pensa-se que estas são as dúvidas que se colocam. Por outro lado, não se deve confundir os gêneros citados com o próprio ato comunicacional. Os gêneros são uma abordagem do problema. Como em toda a pesquisa, as abordagens teóricas não devem ser confundidas com a prática, sob pena de se reinventar o real material e o simbólico. É certo que, de algum modo, acabamos fazendo um pouco disso, mas se deve ter o cuidado de se circunscrever este procedimento ao esforço intelectual para compreender os objetos estudados. O que se pode concluir é que em um mesmo ato comunicacional pode haver elementos argumentativos, expressivos e informacionais. Portanto, os gêneros seriam encontráveis em cada ato e a situação comunicacional em modos de dominância diferenciados.

Deslocando a discussão em direção aos homens e às mulheres, Breton fala em cinco meios de comunicação de base, que seriam o gesto, a oralidade, a imagem, a escrita e o silêncio. Estes meios poderiam ou não usar suportes físicos não-humanos e a tecnologia para o transporte das mensagens, tais como, a impressão, o rádio e a TV, as gravações em mídias audiovisuais, as redes de computadores etc.

Há um enorme progresso ao se deixar considerar, por exemplo, a TV, como um meio de comunicação humana. Ela passa a ser compreendida como suporte físico e em uma tecnologia específica para o transporte de todos os meios de comunicação humanos. Isto implica a compreensão de sua existência como um objeto social, uma espécie de ferramenta de nosso contexto histórico que serve para transportar à distância o que antes era feito apenas com a presença física de seres e objetos reais. O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao uso da internet, ao rádio e aos objetos impressos.

Sendo objetos sociais, psicanaliticamente, diria Zizek, nós os olhamos e eles nos olham e nos vêem como parte da mesma sociedade. Fazem parte da vida, como seres inanimados, mas contêm possibilidades efetivas de comunicar e de entrar em contato com a própria subjetividade. Têm características similares às ferramentas e utensílios que indicam determinada profissão e permitem sua execução. São próteses dos corpos, aumentando a expressão, ação e sentidos.

Mas, a grande novidade paradigmática trazida por Breton é a idéia da parole , desenvolvida em seu último livro intitulado Éloge de la parole . Neste texto, o autor retoma vários de seus temas anteriores e defende a parole como uma espécie de substância da comunicação, criando com clareza um novo paradigma.

É difícil uma tradução precisa do termo, no sentido que é atribuído pelo autor. Literalmente, parole quer dizer, em português, palavra. Pode-se também traduzir parole por verbo ou parábola, nos sentidos bíblicos destes termos. Para o autor, a parole significa a transmissão de mensagens feitas por e entre seres humanos, com ou sem o uso do oral. Ele exemplifica com a 'fala' dos surdos. Eles falariam por meio de sinais codificados em cada cultura. Um surdo francês levaria algum tempo para entender o idioma dos surdos norte-americanos... Como eles não ouvem, codificam sua língua em sinais (gestos) que podem apresentar muitas diferenças de cultura para cultura. Mas, como eles trabalham com sinais, de modo similar a uma 'escrita' gestual, não têm o som para 'atrapalhar', conseguem facilmente reverter os sinais de uma cultura para outra... Seria como se falássemos com uma escrita gestual.

Sem desqualificar os teóricos que o precederam, Breton, ao eleger o paradigma da parole como vetor de compreensão do que é comunicação, colocou novos problemas e novas perspectivas para a pesquisa teórica e aplicada no campo. A comunicação é a transmissão da parole e esta é uma construção possível do corpo humano, que a transmitiria e a receberia, salvo engano, por duas formas básicas: a conversação e a leitura.

Entender-se-ia conversação como qualquer troca de mensagens entre pessoas, mediadas ou não por máquinas, usando-se qualquer suporte, habilidade ou sentido. Quando vemos a multidão nas ruas de uma grande cidade ocidental, movida pelo desejo do consumo no momento de uma campanha publicitária de saldos de balanço, fim de estação, liquidação de estoque, fica nítido como a comunicação entre as pessoas é fundamentalmente um problema do corpo.

Elas buscam a semelhança ou a diferença pelas roupas, adereços, pinturas, cabelos e atitudes; falam em suas línguas e acentos natais com seus próximos ou com os vendedores; balançam seus corpos na motricidade de cada grupo sociocultural (gestualidade corporal), desenvolvem expressões faciais altamente indicativas de seus estados emocionais; agitam os braços; olham em determinadas direções ou para lugar nenhum; esbarram uma nas outras; reclamam; olham os cartazes; vêem as etiquetas; são ignoradas ou notadas por alguns; falam aos celulares que não param de tocar; em suma, comunicam-se o tempo todo, com os outros, consigo próprias e, sobretudo, com a ordem social e simbólica onde estão inseridas. Tudo isto, e muito mais, poderia estar na rubrica da conversação e na do uso dos meios de comunicação corporais.

Enquanto a conversação está na ordem da produção ativa e objetiva de sentidos, a leitura está na ordem na subjetivação. Na vida prática, fazem-se as duas coisas ao mesmo tempo, como no exemplo acima. Não há como separar a leitura da conversação e vice-versa. Ambas fazem parte do uso da parole como forma de comunicação. Quando se vê TV, se está dominantemente na ordem da leitura. Ver TV, neste sentido, se parece com as outras ‘leituras' que fazemos das mensagens recebidas dos meios de comunicação. A conversação que se processa é a de natureza intersubjetiva. Se esta prática é acompanhada da discussão com outros que estão fazendo a mesma coisa, oscila-se o tempo todo entre a conversação e a leitura.

 

Conclusões

A parole caminha em todos os sentidos e direções como um líquido que escorre, anda, resvala e voa entre as pessoas e para dentro delas. Trata-se de uma espécie de sangue da vida social, que nos transforma em humanos e nos permite a vida em todos sentidos. No princípio era o verbo, e todos nos transformamos em seres humanos.

De acordo com Breton, a parole existiria também de modo cristalizado em objetos feitos pela humanidade. Nesta senda, quando vemos um automóvel, uma vestimenta, um telefone celular, uma residência, uma pintura, um livro etc, estaríamos, dentro da sua perspectiva paradigmática da comunicação, vendo um ou mais casos de congelamento na forma de objeto da parole humana.

Na seqüência deste raciocínio, é importante fazer a distinção entre os argumentos, as informações, as expressões estéticas e emotivas e as paroles . Diz-se que estes existem no sentido das idéias que possam ser interpretadas e compreendidas. As paroles seriam os veículos que teriam o papel de transportar os argumentos, as informações e as expressões de modo direto ou indireto. As paroles diretas seriam feitas sem nenhuma mediação por máquinas ou outros objetos sociais. Elas seriam impossíveis nos campos da informática, porque sempre neles há uma mediação. Logo, as paroles que se tem maior interesse neste estudo são as indiretas, as que são construídas na relação entre os homens, as máquinas e novamente os homens. A fórmula da parole indireta seria, logo, a seguinte: HMH. Todavia, um problema presente é a idéia muito freqüente de que não existiriam diferenças enormes entre a parole direta e a indireta.

Seguindo, com algumas mudanças, a proposição de Breton, dir-se-ía que a parole está presente também no que Luhmann chamou de meios de comunicação simbólicos, tendo como exemplo o caso do amor. Este, assim como seus primos próximos, a amizade e o erotismo (incluindo o seu filho bastardo, a pornografia), seriam portadores da mesma, cristalizada na forma de crenças e comportamentos socialmente codificados em contextos diferentes.

A noção de meios de comunicação simbólicos portadores da parole humana é aplicável a praticamente toda a práxis, quando vista da perspectiva comunicacional. Nas várias formas de violências simbólicas, mesmo quando derivadas de violências materiais, nas manifestações artísticas, na política, no consumo, nos preconceitos sociais tais como o racismo e o sexismo, nas religiosidades, nas ciências, inclusive nas da comunicação etc, poder-se-ia, como neste texto, perceber a manifestação da parole humana, neste caso digitada e composta pelo programa de computador. Do verbo se fez o homem, ou o homem construiu a parole para se dizer humano.

 

Referências Bibliográficas  

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Notas:

1.- Existem várias acepções deste conceito. Feyerabend, criticando Kuhn, nega que os cientistas partam necessariamente de paradigmas, na sua interessante proposição, por vezes exagerada, de um anarquismo metodológico. Céline Lafontaine compreende a noção de paradigma como uma derivação de uma compreensão global do mundo, um modelo de interpretação a partir do qual nos pensamos sobre o mundo e sobre nós mesmos. Nossa visão, de natureza similar, compreende os paradigmas como construções hermenêuticas, com todos os atributos que isto implica.

2.- Luís C. Lopes, ver nas referências bibliográficas

3.- BRETON, Philippe. 2001.

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Actualizado: 10/05/05.

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