A TEORIA COGNITIVISTA DE AUSUBEL

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Cristiano Cordeiro Cruz

Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação - Unicamp

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A teoria da assimilação de David Paul Ausubel, ou teoria da aprendizagem significativa, é uma teoria cognitivista e procura explicar os mecanismos internos que ocorrem na mente humana com relação ao aprendizado e à estruturação do conhecimento. Contemporâneo de Piaget, Ausubel tem propostas que em alguns pontos se assemelham às do biólogo suíço, mas que em outros se afastam bastante.

Diferentemente de Piaget, cujo foco principal de pesquisa não era a aprendizagem que ocorria na sala de aula, Ausubel concentra-se principalmente nesta questão, de modo que dos seus trabalhos percebe-se uma proposta concreta para o cotidiano acadêmico. Como Piaget, Ausubel acredita no valor da aprendizagem por descoberta, mas volta a valorizar a aula do tipo expositiva, que será o grande foco da sua pesquisa.

Neste sentido, o maior legado deixado por Ausubel é justamente o de técnicas e reflexões acerca da aula do tipo “tradicional”, e do tipo de enfoque, cuidado e trabalho ideais que um professor deveria ter neste contexto, no sentido de propiciar o melhor aprendizado possível para seus alunos.

Nas seções seguintes explicitaremos alguns dos aspectos mais relevantes da teoria ausubeliana que se adequam aos propósitos deste trabalho. Para tal, iniciaremos com a apresentação do modelo cognitivo e de aprendizagem propostos por Ausubel, seguindo-se de explicações acerca dos principais componentes internos (ao indivíduo) e externos da aprendizagem. Após isso, trataremos das suas propostas com relação à facilitação da aprendizagem no que concerne à preparação dos diversos materiais envolvidos na atividade acadêmica e a técnicas envolvidas na condução das aulas (expositivas).

 

Conceitos Básicos

Segundo a teoria de Ausubel, os principais conceitos relativos à aprendizagem se articulam esquematicamente da seguinte forma (Faria, 1989, p 7):

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Analisando cada um destes conceitos separadamente, tem-se:

 

Estrutura cognitiva

Segundo Ausubel (apud Faria, 1989, p 8), a estrutura cognitiva é o conteúdo total e organizado de idéias de um dado indivíduo; ou, no contexto da aprendizagem de certos assuntos, refere-se ao conteúdo e organização de suas idéias naquela área particular de conhecimento. Ou seja, a ênfase que se dá é na aquisição, armazenamento e organização das idéias no cérebro do indivíduo.

Para Ausubel a estrutura cognitiva de cada indivíduo é extremamente organizada e hierarquizada, no sentido que as várias idéias se encadeiam de acordo com a relação que se estabelece entre elas. Além disso, é nesta estrutura que se ancoram e se reordenam novos conceitos e idéias que o indivíduo vai progressivamente internalizando, aprendendo.

Neste ponto, é importante chamar a atenção para a diferença conceitual entre a estrutura cognitiva definida pela teoria da atividade e esta definida por Ausubel. Se aqui se enfatiza a aquisição, o narmazenamento e a organização de idéias, na teoria da atividade este conceito está mais relacionado aos processos mentais superiores, que vão determinar a forma com que o indivíduo estrutura suas atividades, e que estão na base da interação dele com o mundo objetivo.

 

Aprendizagem

Para Ausubel, a aprendizagem consiste na “ampliação” da estrutura cognitiva, através da incorporação de novas idéias a ela. Dependendo do tipo de relacionamento que se tem entre as idéias já existentes nesta estrutura e as novas que se estão internalizando, pode ocorrer um aprendizado que varia do mecânico ao significativo.

 

Aprendizagem significativa

A aprendizagem significativa tem lugar quando as novas idéias vão se relacionando de forma não-arbitrária e substantiva com as idéias já existentes. Por “não-arbitriedade entende-se que existe uma relação lógica e explícita entre a nova idéia e alguma(s) outra(s) já existente(s) na estrutura cognitiva do indivíduo. Assim, por exemplo, entender o conceito do termômetro só será de fato significativo para o indivíduo, se de alguma forma houver uma clara relação entre este e o conceito de temperatura.

Além de não-arbitrária, para ser significativa, a aprendizagem precisa ser também substantiva, ou seja, uma vez aprendido determinado conteúdo desta forma, o indivíduo conseguirá explicá-lo com as suas próprias palavras. Assim, um mesmo conceito pode ser expresso em linguagem sinônima e transmitir o mesmo significado (Aragão, 1976, p 21).

Como exemplo, se o aluno aprende significativamente que o cão é um mamífero, ele deverá ser capaz de expressar isso de diversas formas, como: “o filhote de cachorro mama de sua mãe” ou “o cachorro é um animal que, como nós, mama quando é filhote”. A “substantividade” do aprendizado significa, então, que o aprendiz apreendeu o sentido, o significado daquilo que se ensinou, de modo que pode expressar este significado com as mais diversas palavras.

Para Ausubel, o objetivo maior do ensino acadêmico é que todas as idéias sejam aprendidas de forma significativa. Isso porque é somente deste jeito que estas novas idéias serão “armazenadas” por bastante tempo e de maneira estável. Além disso, a aprendizagem significativa permite ao aprendiz o uso do novo conceito de forma inédita, independentemente do contexto em que este conteúdo foi primeiramente aprendido.

O extremo oposto da aprendizagem significativa é a mecânica. Neste caso, as novas idéias não se relacionam de forma lógica e clara com nenhuma idéia já existente na estrutura cognitiva do sujeito, mas são “decoradas”. Desta maneira, elas são armazenadas de forma arbitrária, o que não garante flexibilidade no seu uso, nem longevidade.

Como conseqüência dessa não flexibilidade (o aprendizado não é substantivo), o indivíduo não é capaz de expressar o novo conteúdo com linguagem diferente daquela com que este material foi primeiramente aprendido. De fato, ele não aprendeu o significado, o sentido do novo material, mas tão-somente decorou a seqüência de palavras que o definia. Por conta disso, ele será incapaz de utilizar este conhecimento em contexto diferente daquele no qual fora primeiramente apresentado a estes conceitos/ idéias. No exemplo dado acima -do cachorro ser um mamífero- o indivíduo será incapaz de fazer a relação entre o cachorro e o ser humano, ou mesmo com o fato de que os mamíferos mamam.

É importante ressaltar que, apesar de Ausubel ter enfatizado sobremaneira a aprendizagem significativa, ele compreendia que no processo de ensino-aprendizagem existem circunstâncias em que a mecânica era inevitável. No ensino de História, por exemplo, conhecer e entender os eventos que se sucederam no surgimento e desenvolvimento do Império Romano requer, muitas vezes, que se saiba os nomes de diversas de suas instituições e personagens principais, o que é tipicamente um aprendizado mecânico.

 

Aprendizagem por descoberta e por recepção

Segundo a teoria ausubeliana a aprendizagem pode se processar tanto por descoberta quanto por recepção:

• descoberta: o aluno deve aprender “sozinho”, deve descobrir algum princípio, relação, lei,... , como pode acontecer na solução de um problema.

• recepção: recebe-se a informação pronta (como em uma aula expositiva) e o trabalho do aluno consiste em atuar ativamente sobre esse material, a fim de relacioná-lo a idéias relevantes disponíveis em sua estrutura cognitiva.

Contrariamente a Piaget, que enfatiza a aprendizagem por descoberta como a ideal, Ausubel não só propõe o inverso para o contexto da sala de aula, como alerta para fato de que ambas –aprendizagem por recepção e por descoberta– podem ser mecânicas. Isso aconteceria, por exemplo, caso as relações entre as idéias préexistentes na estrutura cognitiva e esta nova que se está intentando aprender não possuíssem relações lógicas e claras para o aluno.

 

Formas de aprendizagem significativa

Uma vez existente um conjunto de idéias na estrutura cognitiva do sujeito, com as quais novas idéias podem se articular de maneira não-arbitrária e substantiva, este relacionamento pode acontecer de três formas diferentes: por subordinação (ou subsunção), por superordenação e de forma combinatória. (É importante salientar que a aprendizagem significativa acontecerá somente quando algum tipo de relação puder ser construída entre a nova idéia que se deseja ensinar e uma ou várias idéias que já se saiba.)

 

Subordinação

Acontece quando a nova idéia é um exemplo, uma especificação de algo que já se sabe. Mas esta relação pode acontecer segundo duas formas:

• derivativa: o que se aprende é mais um exemplo daquilo que já se sabe, não trazendo qualquer alteração para a idéia mais geral à qual está relacionado. Assim, constitui-se exemplo deste tipo de aprendizagem a constatação que um dad sistema mecânico real é conservativo, associando-se ao conceito universal da conservação de energia um exemplo específico.

• correlativa: a nova idéia que se aprende é um exemplo que alarga o sentido/ significado de algo mais amplo que já se sabe. Assim, se à idéia que se tem de triângulo eqüilátero como sendo aquele em que os três lados têm o mesmo tamanho, acrescentar-se a idéia de que além dos lados, os ângulos também são iguais, haverá um alargamento do sentido de triângulo eqüilátero que, antes deste aprendizado, não existia.

Na subordinação, a relação hierárquica que se estabelece entre o que se aprende e o que já se sabe é do seguinte tipo:

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Superordenação

Ocorre quando a nova idéia que se aprende é mais geral do que uma ou um conjunto de idéias que já se sabe. Neste caso, a relação hierárquica que se estabelece é da seguinte forma:

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Um exemplo deste tipo de aprendizagem pode ser o caso onde, indutivamente, a partir de vários sistemas mecânicos reais, percebe-se que em todos eles a energia se conserva, e que isso pode ser generalizado para todos os sistemas. Ou seja, a conservação da energia passa a ser um conceito mais amplo ao qual se relacionam todos os sistemas reais.

Segundo Ausubel, é mais fácil para o ser humano aprender por subordinação do que por superordenação. E isso, como se verá mais à frente, será uma constante preocupação dele que, repetidas vezes, proporá o trabalho escolar sempre a partir dos conceitos mais amplos (ditos mais inclusivos) em direção às especificações, às particularidades, aos conceitos mais restritos.

 

Aprendizagem combinatória

Este tipo de aprendizagem acontece quando a nova idéia não está hierarquicamente acima nem abaixo da idéia já existente na estrutura cognitiva à qual ela se relacionou de forma não-arbitrária e lógica. Ou seja, esta nova idéia não é exemplo nem generalização daquilo que se usou como âncora para ela na estrutura cognitiva do indivíduo. Esta âncora, no entanto, é necessária para que se possa estabelecer uma aprendizagem de fato significativa.

Um exemplo deste tipo de aprendizagem é o caso da metáfora que se faz de um sistema elétrico com um hidráulico. Neste caso, usam-se conceitos já dominados pelo indivíduo com relação aos sistemas de águas, para ensinar conceitos novos e que guardam alguma relação com os antigos que serviram como âncora. Mas os sistemas elétricos não são uma generalização nem um exemplo de sistemas hidráulicos, e viceversa.

No entanto, fica muito mais fácil para a maioria dos alunos começar a lidar com os novos conceitos da eletricidade, a partir de conceitos com os quais já estão acostumados, relativos à hidráulica. (Como será visto mais à frente, é imprescindível que, nestes casos, as semelhanças e diferenças entre a idéia nova e a antiga que lhe serviu como âncora sejam progressivamente explicitadas, a fim de que o sujeito não misture, confunda ou reduza os conceitos relativos de uma idéia aos da outra.)

Antes de terminar esta seção, faz-se necessário atentarmos para algumas considerações importantes.

Primeiramente, deve-se ter em mente que a proposta de Ausubel é que uma condição necessária (mas não suficiente, como se verá mais à frente) para que se possa Ter aprendizagem significativa, é que a nova idéia se relacione de maneira não-arbitrária e substantiva com idéia(s) já existente(s) na estrutura cognitiva do indivíduo. No entanto, a cadeia de relações que existe –ou que pode ser construída– não é necessariamente “plana”, no sentido que uma idéia pode estar associada, por subordinação, superordenação e de forma combinatória com uma ou com várias outras. E essa é exatamente uma das preocupações de Ausubel na sua proposta pedagógica: que se estabeleçam (de forma lógica e não-arbitrária) as mais variadas conexões possíveis entre as novas idéias que estão sendo apresentadas, e entre elas e as idéias que o indivíduo já domina. Isso é para que não aconteça o que ele definiu como “compartimentos incomunicáveis” de idéias relacionáveis.

Além disso, estas novas idéias, mesmo que não se tenha feito todas as pontes possíveis com as idéias já existentes na estrutura cognitiva do indivíduo, podem progressivamente ir se interconectando umas com as outras, através do trabalho intelectual consciente do indivíduo, que busca e estabelece estas relações (este processo receberá de Ausubel a denominação de reconciliação integrativa). Por isso o princípio que está por trás da percepção e explicitação destes relacionamentos também deve ser explicitado para que, da forma como propõe a teoria da atividade, possa ser internalizado pelo aluno e possa servir de ferramenta de mediação/ construção do seu conhecimento, mesmo que em outros contextos que não a sala de aula. Neste sentido, como afirma Moreira & Masini (1982, pp 3- 4), é a habilidade de organização das informações que deve ser desenvolvida. Ou seja, além do trabalho “didático”, que tem uma contribuição direta para o aprendizado do aluno, o professor também deve ajudar os alunos a aprenderem o conteúdo que se propõe e também a forma de relacionar as idéias, sejam as que ele já tem ou aquelas com que pode se deparar durante a sua vida.

 

Fatores internos para a aprendizagem significativa

Até o presente momento consideramos, na explicação dos conceitos básicos da teoria de Ausubel, a condição em que já existem, na estrutura cognitiva do sujeito, idéias que possam servir como âncora para idéias novas. No entanto, não se teceram quaisquer considerações sobre a existência, a clareza e a firmeza destas idéias, nem sobre a disposição do indivíduo em aprender significativamente. Como estes fatores são relativos a cada indivíduo particularmente, convencionou-se chamá-los de fatores internos. Além disso, segundo propõe a teoria, eles podem ser divididos em duas classes: fatores cognitivos e fatores afetivo-sociais.

 

Fatores cognitivos

Para a teoria ausubeliana existem três fatores relativos à estrutura cognitiva do indivíduo e que devem ser considerados no processo ensino-aprendizagem:

1. A existência de idéia(s) âncora(s) à(s) qual(is) pode se conectar, por subordinação, superordenação ou de forma combinatória, uma nova idéia que se deseja ensinar.

2. A extensão em que a tarefa que se deseja assimilar é discriminável das idéias que lhe servirão de âncora. Ou seja, pode acontecer, como no caso da metáfora hidráulica para a aprendizagem de eletricidade, de as idéias que se usam como base a partir das quais as novas idéias serão internalizadas, e estas novas idéias, serem muito próximas para o aprendiz, de modo que ele pode misturá-las, confundi-las ou reduzir uma a outra. Assim sendo, não só a maneira de o professor apresentar esta comparação, como a forma com que o aluno estabelece internamente estas relações são importantes para o aprendizado consistente do novo conteúdo.

3. A clareza e a firmeza das idéias que servirão como âncoras determinam o nível e a estabilidade do aprendizado da nova idéia. Caso aquilo que se utilizou como âncora não seja suficientemente “sólido” para o aluno, pode acontecer que âncora e ancorado se percam ou não se discriminem de forma adequada (o que geraria o problema descrito acima: mistura, confusão ou redução de uma idéia a outra).

 

Fatores afetivo-sociais

Dentro desta categoria existem várias aspectos que foram identificados por Ausubel seus colaboradores (Faria, 1989). No entanto, para efeito deste trabalho será tomado aquele que nos parece mais pertinente: disposição do aluno para aprendizagem significativa. Segundo a teoria ausubeliana, a aprendizagem é significativa quando se estabelece uma ligação não-arbitrária e substantiva entre uma nova idéia e uma idéia de esteio ou âncora.

Esta relação, como se verá mais à frente, pode ser potencializada e explicitada quando da preparação do material instrucional e/ou quando da apresentação da aula. No entanto, internalizar estas relações exige do aluno vontade de fazê-lo, visto que este é um processo ativo. Assim, mesmo que o material (ou a aula) seja potencialmente significativo para o estudante, ele pode optar por simplesmente decorá-lo (aprendizado mecânico).

Vários fatores podem levar o estudante a este tipo de postura, desde o fato de estar acostumado com aulas e avaliações que exigem respostas idênticas a um gabarito pouco flexível e alheio às suas características individuais (como maturidade matemática e estilo de redação), até o fato de não ter tempo, estímulo ou material adequado para uma aprendizagem significativa.

 

Fatores externos para aprendizagem significativa

Nesta classe se enquadram os fatores sobre os quais os professores têm acesso e podem manipular “livremente” de modo a propiciar as melhores condições possíveis para que os alunos possam aprender significativamente. São denominados fatores externos, porque estão relacionados a condições exteriores ao aluno (aula, material instrucional,...) que caracterizam o ambiente escolar/ acadêmico, no qual ele está inserido.

Diz-se que a aula e o material instrucional de apoio (livros, transparências, figuras,...) são potencialmente significativos, quando, satisfeitas as condições internas (existência de idéias de esteio firmes e de vontade de aprender), este material possibilita a aprendizagem significativa do aluno. Para tal, condição indispensável a ser obedecida é que as novas idéias sejam propostas de maneira não-arbitrária, fazendo-se referência lógica e clara com idéias âncoras já presentes na estrutura cognitiva do estudante.

No processo de elaboração deste material, Ausubel propõe algumas considerações que se forem seguidas podem, segundo ele, facilitar a aprendizagem significativa destes conteúdos pelos alunos.

 

Facilitação pedagógica

A facilitação pedagógica consiste na manipulação da estrutura cognitiva do aluno d modo a favorecer um aprendizado significativo. Antes de entrar neste item propriamente dito, cabe a consideração de dois aspectos que ainda não foram tratados.

O primeiro dele diz respeito ao alargamento da definição de aprendizagem que se dera anteriormente. Como foi definido, aprendizagem, na teoria ausubeliana, está relacionada com o aumento da estrutura cognitiva do indivíduo através da internalização de novas idéias e conceitos. No entanto, como afirmam Moreira & Masini (1982, p 101): aprendizagem significativa é a aquisição de novos significados. Estes, para Ausubel, podem ser definidos como denotativos ou conotativos.

O significado denotativo diz respeito às características “reais” relativas ao conceito/ idéia, que não dependem da interpretação particular do indivíduo. Assim, o conceito denotativo casa está associado a uma construção de alvenaria ou madeira, que serve para abrigar uma ou um conjunto de pessoas,... . Por outro lado, o significado conotativo é aquele que o indivíduo constrói de maneira particular, idiossincrática, agregando suas emoções e sentimentos relativos àquele conceito/ idéia específico. Assim, usando-se o mesmo conceito de casa, pode-se associar, de forma conotativa, a idéia de algo que está relacionado à felicidade, ao prazer e à segurança da vida em família, como se pode associar também sofrimento, tristeza e dor por parte de uma família opressora, castradora.

Adquirir um conceito, internalizar um significado, é algo “fenomenológico” 1, ou seja, algo que envolve tanto os aspectos denotativos quanto os conotativos. Por conta disso, poder-seia dizer que é importante levar em conta o fator idiossincrático ao pensar no levantamento dos conceitos que constituirão os subsunçores de um novo assunto. Considerar apenas o significado denotativo pode incorrer no risco de se deixar de lado um dos pontos fundamentais que sustentam a teoria ausubeliana de aprendizagem significativa, isto é, que os conceitos resultam de uma experiência e são produtos “fenomenológicos”. (...) Lidar, pois, apenas com o aspecto denotativo é desconsiderar a experiência individual, pondo em questão a possibilidade de realizarse a aprendizagem significativa. (Moreira & Masini, 1982, pp 39-40)

O segundo aspecto está relacionado ao conceito de obliteração. De acordo com Ausubel, existe uma tendência reducionista da estrutura cognitiva humana, de modo que, com o tempo, as idéias mais específicas vão sendo progressivamente assimiladas pelas mais gerais às quais estão ligadas, e vão sendo gradativamente esquecidas. Como afirma Aragão (1976, p 34), este processo de redução da memória a um único conceito –que é capaz de refletir a experiência cumulativa anterior– desprovido dos significados menos estáveis assimilados é, para Ausubel, mais funcional na aprendizagem futura. Mas se é mais funcional por um lado, pode trazer o perigo de perda de informações por outro...

Quando ocorre a ligação entre uma idéia nova e outra já existente na estrutur cognitiva do indivíduo, o processo que se dá é uma interação e não uma associação. Isto acontece porque tanto a idéia nova, quanto aquela que lhe serviu como âncora, modificam-se em função desta ligação. Deste modo, caso a subordinação de um conceito a outro tenha sido feita “corretamente”, mesmo que este novo alargue o sentido do antigo, a obliteração dele em prol do mais abrangente não significará necessariamente perda de informação. Isto acontece porque com a interação ocorrida por ocasião da subsunção (e em decorrência das eventuais experiências posteriores), o conceito mais inclusivo já se modificou a ponto de abarcar o novo significado que o menos inclusivo lhe agregara.

Seja, por exemplo, o caso da aprendizagem do conceito de força nuclear por um aluno que já possui o conceito de força bem estabelecido (Moreira & Masini, 1982, p 16). Neste caso, o novo conceito específico (força nuclear) será assimilado pelo mais inclusivo (força).

Entretanto, considerando que esse tipo de força é de curto alcance (em contraposição aos outros que são de longo alcance), não somente o conceito de força nuclear adquirirá significado para o aluno, mas também o conceito geral de força que ele já tinha será modificado e tornar-se-á mais inclusivo (i. e. seu conceito de força incluirá agora também forças de curto alcance). Assim, caso ocorra uma futura obliteração do conceito mais específico (força nuclear), isso não significará perda de informação para o conceito mais geral (força), porque este já se modificara quando da subordinação do outro. Além disso, como explica Aragão (1976, p 39), se estes [conceitos mais específicos que foram esquecidos] forem necessários, podem ser sintetizados e reconstruídos a partir dos elementos da experiência passada e presente.

O problema da obliteração surge quando ela significa perda de informação. Como se explicou acima, na hora em que um conceito ou idéia se liga a outro, tanto o novo quanto o antigo se modificam. E isso vale não somente para a aprendizagem por subordinação, quanto à combinatória e à por superordenação. Mas a obliteração só acontece quando o  conceito “a ser esquecido” já não é mais considerado importante pela estrutura cognitiva.

Isso pode ocorrer quando âncora e ancorado não mais se distinguem, de modo que o conceito mais inclusivo já abarca o mais restrito, prescindindo dele (caso em que a obliteração não traz prejuízo). Mas pode ocorrer também quando a idéia de esteio e aquela que nela se ligou não foram diferenciadas adequadamente, de modo que ambas parecem ser a mesma coisa (o que na verdade é só aparência), o que torna a menos inclusiva “desnecessária”, sendo obliterada. Uma terceira possibilidade, ainda, é de o novo conteúdo se ligar a idéias pouco estáveis da estrutura cognitiva do indivíduo. Neste caso, ou a idéia de esteio se reduzirá àquela que se lhe ancorou, ou não conseguirá ser suficientemente modificada a fim de englobar a essência dela, de modo que a obliteração da nova idéia concorrerá para a perda de algumas informações que não foram assimiladas.

Como exemplo da perda por falta de diferenciação, pode-se citar o do estudo de uma religião (p.e. budismo) a partir de outra (p.e. cristianismo), já previamente existente, e de maneira estável, na estrutura cognitiva do aprendiz. Neste caso, se as devidas diferenciações não forem feitas, e tomarem-se somente as analogias, pode acontecer de o novo conteúdo ser reduzido ao antigo, por obliteração, o que significaria, necessariamente, perda de informação, visto que ambos são bastante diferentes, apesar de possuírem características em comum.

Com relação à perda de informação por causa da obliteração de idéias/ conceitos ligados a âncoras pouco estáveis, um exemplo pode ser a aprendizagem das características de alguma teoria, como esta de Ausubel. Neste caso, por mais que se tente explicitar, da forma mais clara possível, as relações existentes entre os diversos conceitos, apontando similaridades, diferenças e destacando sua importância, pode parecer, em um primeiro contato, que alguns deles são desnecessários, ou são repetitivos. Neste caso, com o tempo, estes conceitos serão esquecidos (a não ser que venham a ser re-estudados). Esta obliteração, que acarreta perda de informação, acontece porque as idéias mais inclusivas, às quais as mais específicas deveriam se relacionar, ainda estão instáveis, não possibilitando um correto juízo de valor acerca dos pontos realmente importantes, nem propiciando uma clara distinção entre os diversos conceitos abordados.

Este esquecimento gradual pode assumir, portanto, características prejudiciais para conhecimento do indivíduo mesmo quando a aprendizagem não for puramente mecânica, e houver a instauração de uma ligação não-arbitrária com algo já existente na estrutura cognitiva do sujeito. No caso da aprendizagem arbitrária, mecânica, o inexorável esquecimento será ainda mais rápido do que no caso onde se estabelece algum tipo de ligação com alguma idéia que o indivíduo já possua, (como atesta a experiência daqueles que já decoraram conceitos, idéias e exercícios para a solução de uma prova, mas que, passado pouco tempo de sua realização, já não são lembrados mais). Isto acontece porque esta nova informação, por não se ligar a nada existente na estrutura cognitiva da pessoa, torna-se totalmente desnecessária para ela, sendo, portanto, esquecida.

 

Considerações iniciais (recapitulação)

Como definido, aprendizagem é o processo de aquisição de significados a partir da apresentação de significados potenciais da idéia a ser aprendida (Aragão, 1976, p 38). Para esta aquisição, além da necessidade de existência de idéias de esteio e da vontade de o aluno aprender significativamente (fatores internos da aprendizagem), é preciso que o material seja potencialmente significativo, ou seja, que possa ser aprendido de forma significativa, apresentando relações não-arbitrárias e substantivas entre as diversas idéias que está “veiculando” e entre elas e as já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz.

No entanto, neste processo, nem sempre o aluno, sozinho, conseguirá fazer as relações necessárias (e possíveis) entre aquilo que está aprendendo e o que já sabe. Além disso, ele nem sempre satisfará a todos os pré-requisitos necessários para a aprendizagem significativa de um determinado material.

Por conta disso, deve haver considerações e técnicas que facilitem/ potencializem este aprendizado, de modo que:

• Não se sobrecarregue o aluno com informações excessivamente detalhadas e pormenorizadas, que pouco (ou em nada) contribuem para a promoção da aprendizagem significativa da essência do conteúdo que se deseja “ensinar”.

• “Guiem” a elaboração, a sequenciação, o relacionamento e a ordem de apresentação dos diversos materiais e da aula expositiva.

• Permitam avaliar a melhor estratégia pedagógica a se adotar em função daquilo que o aluno já sabe (as idéias âncoras que possui) e daquilo que ele conseguiu reter de um determinado conteúdo.

• Orientem na proposta de ensino de um novo material, preocupando-se em formar idéias de esteio firmes e amplas, de modo a poder ancorar aquilo que se deseja ensinar, sem que ocorram perdas oriundas, dentre outros fatores, de fenômenos como a obliteração.

Estas considerações, que dizem respeito à manipulação da estrutura cognitiva do aluno e à adoção de técnicas que facilitem a assimilação de novos significados por ele, são denominadas genericamente de facilitação pedagógica e serão apresentadas, respectivamente, nos seguintes itens:

• Fatores substantivos na facilitação pedagógica.

• Princípios programáticos para a sequenciação do conteúdo de ensino.

• Avaliação.

• Organizadores prévios.

 

Fatores Substantivos na facilitação pedagógica

Estes fatores estão relacionados com a seleção dos aspectos relevantes do conteúdo a ser trabalhado com os alunos. Neste sentido, como afirma Johnson (apud Faria, 1989, p 26), os itens específicos de um currículo são selecionados na medida que são fundamentais e críticos para a disciplina, explicam bem a sua estrutura e se mostram capazes de suscitar processos de pensamento e modos de investigação que lhes são próprios. Neste sentido, é muito válido o alerta de Moreira & Masini (1982, p 42): é importante selecionar as idéias básicas para não sobrecarregar o aluno de informações desnecessárias, dificultando a aquisição de uma estrutura cognitiva adequada.

Além disso, conforme se mencionou anteriormente, Ausubel acredita que a aprendizagem por subordinação é mais fácil para o ser humano do que a por superordenação. Em outras palavras, ele acredita que os conceitos e idéias devem ser sempre estudados a partir dos mais gerais para os mais específicos. Por conseguinte, o que se propõe é que se trabalhem preferencialmente os conceitos ditos mais inclusivos, ou seja, os conceitos mais amplos aos quais os conceitos mais restritos, quando forem trabalhados, poderão se ligar de maneira subordinada.

Neste sentido, quando da seleção dos aspectos mais relevantes de um determinado conteúdo, devem ser privilegiados os conceitos/ idéias mais gerais, que poderão servir como âncora para futuras aprendizagens. Se for feito de outra forma, optando-se por conceitos mais específicos, pode acontecer que eles não sejam potencialmente significativos para os alunos, uma vez que estariam faltando idéias de esteio mais relevantes, que estão justamente associadas com os conceitos mais amplos/ inclusivos.

Princípios programáticos para a sequenciação do conteúdo de ensino Uma vez selecionados os conceitos mais importantes a serem trabalhados no curso, cabe determinar a maneira e a seqüência em que este estudo se dará. Ausubel propõe dois princípios que podem nortear este trabalho: diferenciação progressiva e reconciliação integrativa.

 

Diferenciação Progressiva

Este princípio consiste na formalização daquilo que já citamos algumas vezes: para Ausubel, as idéias e os conceitos devem ser preferencialmente trabalhados em uma ordem crescente de especificidade, dos mais gerais, para os mais específicos. Isso ele justifica através de dois motivos:

1. É mais fácil para o ser humano compreender os aspectos diferenciados de um todo [mais inclusivo] previamente aprendido, (...) do que formular o todo mais inclusivo a partir das suas partes diferenciadas previamente aprendidas (Ausubel apud Faria, 1989, p 28). Ou seja, generalizar a partir de conceitos mais específicosé mais difícil do que aprender conceitos particulares a partir de um mais geral.

2. Este tipo de hierarquia é a que acontece na mente de cada pessoa: as idéias mais gerais/ inclusivas ocupam o topo da estrutura cognitiva, e têm subordinadas a si idéias progressivamente mais específicas/ menos inclusivas.

Abaixo segue um breve exemplo de como Ausubel acredita estar organizada a estrutura cognitiva humana.

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No exemplo anterior dos polígonos, associado à idéia de triângulo, ter-se-iam três subordinações imediatas: escaleno, isósceles e eqüilátero. Usando o princípio da diferenciação progressiva, em uma disciplina em que estes conceitos fossem abordados pela primeira vez, dever-se-ia apresentar primeiro o de triângulo (figura com três lados) para, em seguida, apresentar as três possibilidades (e os seus nomes) relativas a esta figura: todos, dois ou nenhum lado igual.

Deve-se ter cuidado na análise e no uso deste conceito, para que não se caia em algo do tipo: “como ensinar o conceito de polígonos, mas inclusivo, a pessoas que sequer conhecem o conceito de triângulo, menos inclusivo?”.

O enfoque que estamos dando neste trabalho não lida diretamente com planejamento curricular amplo, mas restrito a uma determinada disciplina. Neste caso, tendo-se em mente aquilo que deve ser aprendido pelo aluno naquela matéria, a proposta de Ausubel é que as várias idéias e conceitos pertencentes a este conteúdo sejam trabalhados a partir dos mais gerais para os mais específicos. Desta forma, os conceitos/ idéias mais amplos funcionam como contextualização para os mais restritos que a eles se ligarão. No entanto, a conceito amplo como “produto final”, da forma como idealiza uma dada disciplina, só é conseguido plenamente quando os mais específicos já estão “corretamente” ancorados a ele. Se as idéias mais inclusivas são necessárias para contextualizar e ancorar as menos inclusivas, são estas que, na interação com aquelas, as vão definir e “amoldar” àquilo que elas “de fato” são.

Como exemplo, pode-se citar o caso do estudo do capacitor em circuitos elétricos. Antes que a equação característica deste componente (i = C.dV/dt) seja introduzida, deve-se introduzir o conceito (mais inclusivo) de capacitor, como sendo um acumulador de cargas. A partir daí, introduz-se a equação que relaciona carga com tensão (Q = C.V). Como a corrente é igual à variação da carga em função do tempo, chega-se à primeira equação, que é a mais utilizada para o caso de capacitores em circuitos elétricos. Ou seja, foi necessário, para que a primeira equação fizesse sentido -fosse significativa para o aluno- apresentar o conceito mais inclusivo ao qual ela estava ligada. Mas o conceito de capacitor só fica plenamente definido, no contexto de circuitos elétricos, com a definição daquela equação,

com a proposição de uma idéia mais restrita.

 

Reconciliação Integrativa

Neste caso, a preocupação de Ausubel diz respeito à forma com que se relacionam as idéias a serem apresentadas para o aluno, e como estas serão relacionadas por ele na sua estrutura cognitiva. O foco da sua atenção está na possibilidade de que eventuais semelhanças, diferenças e contradições não sejam devidamente trabalhadas ou elucidadas, de modo que o estudante pode deixar de fazer algumas “conexões” interessantes, fazê-las erroneamente ou perdê-las com o tempo. Assim, como define Faria (1989, p 30), a reconciliação integrativa consiste, basicamente, no delineamento explícito das relações

entre idéias, de assinalar semelhanças e diferenças relevantes entre as mesmas, e de reconciliar inconsistências reais ou aparentes.

No trabalho pedagógico a reconciliação integrativa deve acontecer em dois contextos: na preparação do material instrucional, e no relacionamento das idéias nele contidas com a estrutura cognitiva do aluno.

Na preparação e no uso do material instrucional, alguns cuidados devem ser tomados como, por exemplo:

1. Evitar que o uso de palavras distintas para representar conceitos equivalentes gerem confusão no aluno, motivando-o a aprender de forma mecânica. Usando o caso da própria teoria ausubeliana, se os termos subsunçor 2, idéia âncora, idéia de esteio, idéia relevante, idéia mais inclusiva, idéia mais geral e idéia mais ampla não forem devidamente esclarecidos, pode-se acreditar que se referem a conceitos distintos quando, na verdade, são sinônimos de uma mesma coisa.

2. Na apresentação dos vários tópicos constitutivos de um mesmo material, deve-se explicitar eventuais relações existentes entre eles, visto que parte da aprendizagem só será de fato conseguida caso estas relações sejam percebidas.

Neste sentido, no estudo do continente africano, trabalhar como tópicos estanques a colonização (com divisão proposital de terras contendo tribos inimigas em uma única colônia) e a ocorrência, hoje em dia, de vários conflitos nos países que emergiram destas colônias é muito mais pobre, e não revelaria boa parte da dinâmica histórica por trás destes processos, do que poderia ser conseguido caso fossem feitas as devidas relações entre ambos os temas.

3. Evidenciar as diferenças existentes entre conceitos aparentemente semelhantes, a fim de que eles não sejam retidos como se fossem idênticos. Assim, no estudo do surgimento do cristianismo a partir do

judaísmo e da figura de Jesus, deve-se evidenciar que a Páscoa, celebrada em ambas as religiões, assume significados diferentes em cada uma delas: no judaísmo relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito; e no cristianismo relembra a ressurreição daquele que foi seu fundador, Jesus Cristo.

Já no que diz respeito ao relacionamento das novas idéias apresentadas e aquelas já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz, alguns cuidados seriam:

1. Evidenciar eventuais diferenças entre as idéias já estabelecidas e aquelas que se está aprendendo, a fim de que, caso haja alguma analogia entre elas, isso não leve os alunos a reduzirem uma a outra ou a confundirem ambas. Este é o caso do uso da analogia entre sistema hidráulico e circuito elétrico. Apesar de haver algumas semelhanças, os conceitos e as características destes dois sistemas são bastante distintos, devendo, portanto, ser explicitamente elucidados.

2. Esclarecer eventuais contradições (aparentes ou reais) entre os conceitos que estão sendo aprendidos e aqueles que já se sabe. Caso isso não seja feito, pode acontecer de o aluno recusar o novo aprendizado, ou de retê-lo como algo isolado do anterior. Assim, pode-se recusar o princípio da diferenciação progressiva por se alegar (corretamente) que é impraticável apresentar o conceito mais abrangente de polígonos antes do conceito menos abrangente de triângulo. No entanto, se este princípio for analisado dentro do conjunto limitado dos conceitos relativos a uma disciplina a eventual contradição desaparece. Neste caso, chegar-se-ia à conclusão que aprender primeiro o que é triângulo pode ajudar a aprender o que é um triângulo isósceles.

A reconciliação integrativa assume, portanto, um papel duplo no contexto da aprendizagem significativa: por um lado, deve evidenciar as possíveis relações existentes entre as diversas idéias que estão sendo trabalhadas (dentro de um material, ou entre estas e as que o aluno já possui), de modo a facilitar e a catalisar a criação destas ligações na estrutura cognitiva do aprendiz. Por outro lado, ela deve ajudar o aluno a perceber as diferenças e particularidades, bem como elucidar eventuais contradições existentes entre os diversos conceitos em questão. Isso é imprescindível para que não haja obliteração com perda de informação, quando se reduziriam conceitos que possuem algo em comum (mas que apresentam bastantes diferenças entre si) a uma mesmo coisa, ou quando não se faria uma ligação “correta” por causa de uma contradição (real ou aparente).

Além disso, Novak (apud Moreira & Masini, 1982, pp 24-25) argumenta que, para atingir-se a reconciliação integrativa de forma mais eficaz, deve-se organizar o ensino “descendo e subindo” nas estruturas conceituais hierárquicas, à medida que a nova informação é apresentada. Isto é, começa-se com os conceitos mais gerais, mas é preciso ilustrar logo de que modo os conceitos subordinados estão a eles relacionados e então voltar, através de exemplos, a novos significados para os conceitos de ordem mais alta na hierarquia. Como exemplo, podemos retomar o caso da aprendizagem dos três tipos de triângulos. Neste caso, a partir da definição de ser o triângulo uma figura com três lados, pode-se definir aquele que tem os três lados iguais (equilátero). Daí, apresenta-se um que tem apenas um

lado diferente e que, portanto, não é equilátero, mas é um triângulo, o isósceles. Por fim, apresenta-se o triângulo que não tem nenhum lado igual ao outro, e que, portanto, apesar de ser um triângulo, não é o isósceles nem o equilátero, mas o escaleno.

Esquematicamente, tem-se:

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Na figura, as linhas cheias representam a diferenciação progressiva, que acontece de cima para baixo; as linhas pontilhadas representam a reconciliação integrativa, que ocorrem de baixo para cima. Esta reconciliação consiste em perceber que, apesar das particularidades de cada um destes três tipos, todos eles são triângulos, de modo que o conceito mais inclusivo é alargado, passando a incluir cada uma destas três possibilidades.

Mas além da reconciliação “vertical”, pode-se ter também a “horizontal”, como é visto no esquema abaixo, onde as reconciliações entre âncora e ancorado foram omitidas por questão de clareza e simplicidade da figura.

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O que se percebe, então, é que quando uma nova idéia é assimilada à estrutura cognitiva de uma pessoa, isto é feito através do estabelecimento de relações entre ela e idéias já existentes lá. Como esta relação modifica tanto uma quanto outra, e como a estrutura cognitiva é uma verdadeira teia de relacionamentos entre conceitos e idéias, a inserção de algo novo pode provocar a modificação destes conceitos e idéias, mesmo que não esteja diretamente ligado a eles. Ou seja, a estrutura cognitiva é algo dinâmico que está em constante modificação em função das diversas experiências e aprendizados que cada pessoa tem. Mas isso não é algo “automático”, ou seja, não basta uma nova idéia para mudar toda a estrutura cognitiva de alguém. É preciso trabalho ativo deste indivíduo para que esta mudança possa “se processar”.

 

A Avaliação

Segundo Ausubel (apud Faria, 1989, pp 47 e 48), em geral, a função da avaliação é a de determinar o grau em que os objetivos educacionais relevantes (...) estão sendo alcançados.

Desta forma, uma vez determinados os pontos mais relevantes da disciplina, e que serão trabalhados com os alunos, a avaliação assumiria o caráter de verificar se sua internalização se deu a contento.

Na teoria ausubeliana, a avaliação pode assumir as seguintes potencialidades:

1. Avaliar os principais objetivos buscados para esta aprendizagem. Para tal, os mesmos devem ser formulados de maneira clara e apresentados previamente para os alunos, de modo que isso, por si só, já facilitaria a aprendizagem significativa pelo aprendiz, que se concentraria no estudo dos pontos principais da disciplina (ao invés de “perder” muito tempo com pontos secundários e menos importantes).

2. Experiência útil de aprendizagem para os alunos, uma vez que os obriga a revisar, consolidar, esclarecer e integrar os diversos assuntos tratados.

3. Pode oferecer ao professor informações a respeito da eficácia dos materiais e dos métodos que ele utiliza, bem como indícios sobre as possíveis causas para eventual mau desempenho de algum(ns) aluno(s) (o que pode estar relacionado com falta de interesse ou esforço dos mesmos, ou com problemas relativos aos matérias e técnicas instrucionais –como a própria avaliação– utilizados).

Para se conseguir uma avaliação que meça e potencialize os aspectos significativos do conteúdo que foi (e que será) ensinado aos alunos, Ausubel propõe alguns procedimentos práticos, dentre os quais podem-se elencar:

1. Propor a solução de problemas (novos), em contexto diferente daquele originalmente aprendido, e com enunciado “inédito”. Com isso, estar-se-ia testando a “substantividade” do aprendizado, que só acontece na aprendizagem significativa.

2. Propor testes ao final de cada “módulo”, a fim de verificar a retenção dos diversos conceitos abordados. Estes testes podem assumir ainda maior importância quando os tópicos do curso estão seqüenciados a partir dos princípios da diferenciação progressiva (“tópicos âncoras” anteriores àqueles que se ancorarão neles). Neste caso, o bom desempenho na avaliação poderia servir como condição para se passar para um tópico seguinte, de modo que se consolidassem as idéias que servirão de âncoras para os aprendizados futuros, antes de se iniciar o estudo destes conteúdos (o que potencializaria uma aprendizagem significativa).

3. Propor teste anterior ao início da disciplina (ou de alguns módulos específicos), a fim de avaliar a presença de idéias âncoras necessárias para que o aluno possa aprender, de forma significativa, o novo conteúdo que se intenta ensinar.

O item 3 introduz, então, uma outra finalidade da avaliação, além da de analisar o quanto os alunos conseguiram aprender (significativamente) do material que foi ensinado. Esta nova finalidade seria a de medir a posse e a estabilidade das idéias de esteio que serão necessárias para se trabalhar os novos conteúdos do curso, e que não foram trabalhadas nesta disciplina. Isso é muito importante, pois a aprendizagem significativa depende disso, e idéias pouco estáveis podem conduzir a um esquecimento (obliteração) do tipo que representa perda de informação.

 

Organizadores Prévios

Feitas a seleção, a sequenciação e a preparação dos conteúdos mais pertinentes do curso, e avaliando-se a posse, clareza e estabilidade das necessárias idéias de esteio para se trabalhar significativamente este novo material, Ausubel propõe uma fase seguinte, que seria a da preparação dos organizadores prévios, em função destes três fatores mencionados. Segundo Faria (1989, pp 33 e 34), organizadores prévios são materiais introdutórios destinados a facilitar a aprendizagem de tópicos específicos ou conjunto de idéias consistentemente relacionadas entre si.

A finalidade de um organizador prévio é prover idéias de esteio, ou evidenciá-las na estrutura cognitiva do aluno, de modo a potencializar ao estudante uma aprendizagem significativa. Portanto, ele não deve ser confundido com introdução ou resumo, uma vez que sua função não é (somente) fornecer uma visão geral sobre o que se vai estudar, ou apontar os pontos principais do conteúdo em questão. A função do organizador prévio é potencializar a criação de relações não-arbitrárias e substantivas entre os novos conceitos e as idéias que lhes servirão de âncora na estrutura cognitiva do aluno, através da “inserção” ou da explicitação destas idéias.

É neste sentido que Moreira & Masini (1982, pp 12-13) afirmam: a vantagem [do organizador prévio] é permitir ao aluno o aproveitamento das características de um subsunçor, ou seja:

a) identificar o conteúdo relevante na estrutura cognitiva e explicar a relevância deste conteúdo para a aprendizagem do novo material;

b) dar uma visão geral do material em um nível mais alto de abstração, salientando as relações importantes;

c) prover elementos organizacionais inclusivos, que levem em consideração mais eficientemente e ponham em melhor destaque o conteúdo específico do novo material.

 

Para tal, Ausubel distingue dois tipos de organizadores possíveis: expositivo e comparativo.

Organizador Expositivo

Este tipo surge quando as novas idéias e conceitos a serem aprendidos não possuem as necessárias idéias mais inclusivas na estrutura cognitiva do aluno. Em outras palavras, quando o aluno não possui familiaridade com o assunto, deve-se recorrer a este organizador, que funcionaria, então, como ponte cognitiva entre aquilo que o estudante já sabe e aquilo que se deseja que ele aprenda.

Seja, para ilustrar este conceito, o caso proposto por Masini (Moreira & Masini, 1982, pp 80- 81), onde se deseja estudar o núcleo das células. Para introduzir este estudo, ela faz uma relação entre a geração dos seres vivos animais e vegetais, mostrando que independentemente de serem eles uni ou pluricelulares, todos surgem a partir de uma única célula que lhes é transmitida por aqueles que os geraram. Assim, não só as características próprias da espécie, como também as especificidades de cada célula em um organismo pluricelular devem estar mapeadas nesta primeira “célula-mãe”. Mas para que isso aconteça, deve existir alguma coisa nas células que seja responsável por estas transmissões... E isso é que vai servir de ponte para ele introduzir os conceitos relativos ao núcleo celular. O que ela faz é, a partir de algo que já se sabe (os frutos da reprodução de uma dada espécie carregam as características próprias desta espécie; e organismos pluricelulares possuem células diferentes entre si), introduz uma nova informação (relativa ao fato de que todo indivíduo surge originariamente a partir de uma única célula), que vai servir de ponte para ligar o estudo do núcleo celular (que será o responsável por estas “transmissões”) com idéias que o aluno já domina.

O organizador funciona, então, como algo que contextualizaria o aprendizado de um determinado conteúdo, mostrando formas de ligar estas novas idéias com outras já existentes. Além de servir como esta “ponte cognitiva”, ele pode ser altamente motivador para os alunos, uma vez que apresenta situações concretas em que este novo conteúdo pode se relacionar com algo constitutivo das realidades específicas deles.

No caso do organizador expositivo, as novas idéias e conceitos que serão ensinado no curso devem estar subordinados às –serem mais específicos do que– idéias que lhes servirão de ponte com a estrutura cognitiva do aprendiz. Assim, aquilo que será utilizado para ligar estas duas realidades –o que já se sabe e aquilo que se deve aprender– deve ser mais amplo, geral e inclusivo do que todos os conceitos que serão abordados a partir daquele organizador. E isso nos conduz a uma constatação interessante: os organizadores (mesmo os comparativos que serão vistos a seguir) podem ser elaborados em vários níveis: na introdução de uma disciplina, na introdução das várias partes de uma dada disciplina e/ou na introdução dos vários assuntos relativos a cada parte de uma disciplina.

 

Organizador Comparativo

Para a situação em que já existem idéias às quais se podem ancorar os novos conceitos (e idéias) a serem trabalhados no curso, pode-se utilizar o organizador comparativo. Neste caso, o novo conteúdo seria primeiramente trabalhado a partir das semelhanças e diferenças existentes entre ele e aquilo que já é sabido.

Um exemplo disso seria, na literatura, iniciar o estudo de um período literário a partir das semelhanças e diferenças que ele guarda com o anterior. Assim, a aprendizagem significativa sobre o arcadismo (ou neoclassicismo) pode ser facilitada através de comparações com o barroco, seu antecessor. Além disso, utilizando-se os princípios da reconciliação integrativa, este mesmo período literário, que supervalorizava a vida bucólica e a necessidade de se viver intensamente, pode ser mais bem compreendido a partir do contexto da urbanização e da revolução industrial (jornadas de trabalho extremamente longas) por qual passava a Europa, berço deste movimento.

No entanto, deve-se tomar bastante cuidado para que as semelhanças e diferenças sejam bem elucidadas a fim de que as idéias (âncora e nova) não se misturem, se confundam ou que uma se reduza à outra. O organizador comparativo não tem como finalidade a subordinação das novas idéias às já existentes na estrutura cognitiva do aluno. Na maioria das vezes, os conceitos estão no mesmo nível hierárquico, de modo que a aprendizagem se dá de forma combinatória. A papel assumido pelo organizador é portanto aproveitar as possíveis analogias, evidenciando as peculiaridades, semelhanças e diferenças existentes entre o conjunto de idéias que já se sabe e as idéias mais inclusivas relativas ao conteúdo que se deseja ensinar. Uma vez estabelecidas as bases necessárias para a aprendizagem significativa do novo conteúdo (idéias mais amplas/ inclusivas aprendidas significativamente pelo aluno), ele passará a ser trabalhado através do princípio da diferenciação progressiva em direção aos conceitos sucessivamente mais específicos.

Antes de terminar esta seção sobre os organizadores, cabe uma consideração interessante acerca da possibilidade de ambos coexistirem em um mesmo curso. Na prática, um organizador não exclui o outro. Seja, por exemplo, o estudo de circuitos elétricos. Como já se ressaltou diversas vezes, este estudo pode ser iniciado através de uma analogia com sistemas hidráulicos, o que consiste tipicamente em um organizador comparativo. No entanto, este mesmo estudo poderia ter sido “motivado” a partir do exemplo da política do governo de racionar energia elétrica, que é conhecida por todos os alunos. O organizador – agora do tipo expositivo– a ser utilizado poderia ser o aumento da demanda por parte dos consumidores, que estaria associado à impossibilidade de as usinas hidrelétricas gerarem mais energia, porque o volume de água restante nos reservatórios delas, e que potencialmente se converterão em energia elétrica não seria suficiente para sustentar esta demanda até a próxima estação de chuvas, quando os reservatórios seriam “recarregados” de água (conhecimentos que alunos deveria possuir). A partir do conceito de demanda (relacionado à potência (= tensão x corrente)), que serviria de ponte cognitiva entre aquilo que o aluno já sabe e o que se deseja que ele aprenda, poder-se-ia inserir os conceitos de corrente, tensão e potência. Neste nível, a analogia com sistemas hidráulicos também

poderia facilitar, de modo que, neste caso, o uso combinado de ambos os organizadores potencializaria um aprendizado mais contextualizado e motivador (relativo ao organizador explicativo), a partir de conceitos que possuem alguma familiaridade com aquilo que o aluno já sabe (organizador comparativo).

Os organizadores prévios, tidos por muitos como a maior contribuição de Ausubel, tem um papel muito importante com relação à obliteração, que é o progressivo esquecimento dos conceitos/ idéias mais específicos em prol dos mais inclusivos aos quais estão ligados, que são retidos na estrutura cognitiva. Neste caso, os organizadores funcionariam no sentido de evidenciar os “reais” esteios dos diversos conceitos a serem “ensinados”. Além disso, teriam o papel de prover maior estabilidade e clareza a estas idéias âncoras. Com isso, as idéias que seriam subordinadas a outras mais amplas, estariam “ligadas corretamente” a elas, de modo que a obliteração não agregaria perda de informação, visto que o subsunçor já estaria suficientemente modificado, de modo a abarcar o eventual alargamento de sentido trazido pela idéia mais específica. De outro modo, como os organizadores têm esta função de evidenciar a discriminação entre os diversos conceitos, e como apenas as idéias mais discrimináveis dos significados mais inclusivos estabelecidos são retidas por longo prazo (Aragão, 1976, p 17), eles ajudariam na “consistência” e na “longevidade” das idéias envolvidas. E isso aconteceria mesmo em relações do tipo combinatória, de modo que a distinção entre os significados garantiria a “sobrevivência” de ambos, sem uma mistura ou redução de um ao outro.

 

Aplicação dos diversos conceitos

Uma vez explicados os principais conceitos da teoria de Ausubel, e que se julgaram pertinentes no contexto deste trabalho, cabe apresentar a forma como eles podem ser utilizados na preparação do material instrucional e na preparação/ condução das aulas.

Em ambos os casos a proposta de Ausubel não difere muito: primeiramente deve-se selecionar os aspectos mais relevantes do conteúdo em questão, em função da sua importância para aquela disciplina e do seu poder de inclusividade (serem suficientemente amplos para servirem de subsunçores das idéias e conceitos que serão trabalhados durante o curso). Feito isso, deve-se sequenciar este conteúdo de forma pertinente, de modo que se trabalhe sempre a partir dos conceitos mais amplos em direção aos conceitos mais restritos, através da diferenciação progressiva. Além disso, todas as eventuais relações entre os diversos conceitos a serem trabalhados devem ser explicitadas a contento de modo a se facilitar a reconciliação integrativa. Determinada a seqüência e estabelecida as relações entre os diversos conceitos, estar-se-á de posse das idéias mais inclusivas deste conteúdo, me que devem ser primeiramente internalizadas pelo aluno. Esta internalização é potencializada, então, através do uso dos organizadores prévios, a partir daquilo que o aluno já sabe. Feito isso, as idéias e os conceitos subseqüentes devem ser trabalhados na ordem que se estipulou anteriormente, e as necessárias reconciliações integrativas entre estes novos conceitos e aqueles que já se dominam devem ser realizadas adequadamente, da mesma forma como a avaliação sobre a retenção/ aprendizagem pelos alunos dos diversos conteúdos trabalhados.

Um outro aspecto que ainda não foi tratado diretamente (mas que pode ser deduzido a partir do que já foi apresentado) diz respeito à questão da “adequação da aula e do material instrucional à realidade dos alunos”. Segundo Ausubel (apud Moreira & Masini, 1982, p 88), o fator isolado mais importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Determine isso e ensine-o de acordo. Neste ponto, é inevitável a comparação deste pensamento de Ausubel com o conceito de zona do desenvolvimento proximal enunciado por Vygotsky. Em ambos os casos, apesar de os conceitos possuírem algumas particularidades, o que se quer dizer, no contexto acadêmico, é a mesma coisa: se o que se deseja é potencializar um aprendizado verdadeiro, o professor deve partir, em suas aulas e

no material instrucional que utiliza, daquilo que o aluno já sabe (e não daquilo que ele deveria saber), fazendo uso de meios, linguagem e métodos significativos para estes aprendizes.

Mas além destas considerações gerais, nas duas próximas seções explicitaremos algumas questões particulares relativas a cada um dos contextos específicos.

 

Preparação do material instrucional

Com relação ao material que será utilizado como base do curso (normalmente relativo a livros ou apostilas), nem sempre é possível ao próprio professor elaborá-lo. Assim, caso se adotem materiais que não respeitem os princípios estipulados por Ausubel, o professor pode recorrer a guias de estudos, onde seria proposta uma seqüência que melhor satisfizesse ao princípio da diferenciação progressiva. Nestes roteiros podem também ser evidenciadas as relações, por vezes indiretas, existentes entre os diversos conceitos, de modo a potencializar a reconciliação integrativa.

 

Mapas Conceituais

No sentido de se tornarem evidentes as relações hierárquicas existentes entre os diversos conceitos relativos a um determinado conteúdo, pode ser útil a utilização de mapas conceituais. Segundo Moreira & Masini (1982, p 45), num sentido amplo, mapas conceituais são apenas diagramas indicando relações entre conceitos (...). Mais especificamente, no entanto, eles podem ser vistos como diagramas hierárquicos que procuram refletir a organização conceitual de uma disciplina ou parte de uma disciplina. Por conta disso, estas representações podem ajudar a entender o relacionamento entre os vários conceitos envolvidos, permitindo-se ter uma visão holística do conteúdo como um todo.

Um exemplo de mapa conceitual pode ser visto a seguir:

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Um cuidado a se tomar é o de não considerar um dado mapa conceitual como o único conjunto de relações possíveis entre um dado conjunto de conceitos. Isto porque, como afirma Moreira & Masini (1982, p 46), mapas conceituais traçados por diferentes especialistas numa mesma área provavelmente refletirão pequenas diferenças em entendimento e interpretação das relações entre os conceitos-chave dessa área. O ponto importante é que um mapa conceitual deve ser visto como “um mapa conceitual” e não como “o mapa conceitual” de um dado conjunto de conceitos. Ou seja, qualquer mapa conceitual deve ser visto como apenas uma das possíveis representações de uma certa estrutura conceitual.

Outra consideração diz respeito ao compromisso que se deve ter, na elaboração de um mapa conceitual, entre ser claro e completo. Isso porque nem sempre apresentar todas as possíveis relações (que significarão linhas interligando conceitos) vai facilitar o melhor entendimento daquele conteúdo. Podem existir casos em que o mapa é tão complexo e complicado, que o seu entendimento torna-se um obstáculo para compreender as relações que ele tenta evidenciar.

Quanto ao melhor momento de se apresentar um mapa conceitual, parece-nos que é quando o aluno já possui alguma familiaridade com os diversos conceitos envolvidos, de modo que, a partir da explicação do professor, as relações evidenciadas entre eles podem fazer-lhes sentido. Poder-se-ia utilizá-los também como material introdutório do curso/ tópico, mas isso possivelmente se daria em detrimento do real entendimento por parte dos alunos. Além disso, por ser um construto de natureza idiossincrática (visto que duas pessoas possivelmente traçarão mapas conceituais que não são idênticos), o entendimento destas representações gráficas não dispensa a explicação do professor, daquele que a montou. Isso tudo pode ser sintetizado na sentença de Moreira & Masini (1982, p 50): os conceitos e linhas ligados num mapa conceitual não terão significado algum, a menos que sejam explicados pelo professor e que os estudantes tenham, pelo menos, alguma familiaridade com a matéria de ensino.

A utilidade e a aplicação de mapas conceituais pode ser bastante vasta. Um exemplo, diferente do seu uso por parte do professor para ajudar no entendimento de determinado conteúdo, seria a requisição, aos alunos, de um mapa conceitual relativo a um determinado tópico (ou à disciplina inteira). Neste caso, esta atividade poderia servir como fator a motivar/ incentivar a reestruturação cognitiva dos estudantes, que teriam que explicitar as relações que julgam pertinentes entre os conceitos relevantes daquele material. Talvez na elaboração destes mapas eles consigam estabelecer reconciliações integrativas (e perceber a subordinação) entre os diversos conceitos, de modo a eliminar eventuais inconsistências e abarcar tudo o que lhes parece importante. Uma vantagem desta forma de uso seria a possibilidade de os alunos construírem os mapas de acordo com as suas estruturas cognitivas, e não recebê-lo pronto segundo a estrutura de outra pessoa, o que poderia inibir a habilidade dos alunos construírem suas próprias hierarquias conceituais (Moreira & Masini, 1982).

 

Condução das aulas

Em sua teoria, Ausubel trata mais detidamente da aprendizagem significativa por recepção, do tipo que pode ser potencializada em uma aula expositiva preparada para tal, em detrimento da por descoberta. Neste contexto, além das considerações já apresentadas no início deste item, cabe destacar mais algumas, que serão tratadas a seguir.

Segundo Ausubel, o problema principal da aprendizagem consiste na aquisição de um corpo organizado de conhecimentos e na estabilização de idéias inter-relacionadas que constituem a estrutura da disciplina (Moreira & Masini, 1982, p 41). Desta forma, um dos maiores trabalhos do professor consiste, então, em auxiliar o aluno a assimilar a estrutura das disciplinas e a reorganizar sua própria estrutura cognitiva, mediante a aquisição de novos significados que podem gerar conceitos e princípios (idem).

Por isso, não basta ter-se um material ou uma aula potencialmente significativa, se o aprendiz não possui determinadas idéias que servirão de âncora para a aprendizagem do novo conteúdo (segundo a estratégia dos organizadores prévios), e/ou se ele não apresenta real interesse em aprender significativamente, ele pode aprender mecanicamente.

A questão do interesse não é de tão fácil “manipulação”, estando relacionada a fatores sócio-culturais e idiossincráticos específicos de cada aluno, além da “atração” exercida pela própria disciplina (em função do gosto do aprendiz pelo material a ser trabalhado), que pode ser manipulada pelo professor. No entanto, a posse ou não das idéias de esteio sobre as quais vai se apoiar todo o trabalho acadêmico é algo que se pode medir/ verificar. Assim, além da análise do currículo prévio dos alunos (que indicaria a presença dos pré-requisitos necessários), pode ser bastante útil a realização de um pré-teste, onde a presença destes conceitos básicos, bem como sua estabilidade e clareza para o aluno, seria verificada. Caso os estudantes não possuam alguns dos pré-requisitos necessários, e/ou o possuam de forma instável, pode ser preciso que o professor inicie o trabalho a partir destes conceitos deficitários para que, uma vez com eles estabelecidos de forma estável e clara na estrutura cognitiva dos estudantes, ele possa proceder ao “ensino” do conteúdo daquela disciplina propriamente dito.

Além destes fatores, Faria (1989, pp 44-46) propõe outros três: manutenção da atenção dos alunos na aula; habilidade de comunicação do professor; e verificação sobre a correta assimilação, por parte dos alunos, dos conceitos abordados pelo professor. Isso tudo exige algumas técnicas do professor, que estão relacionadas com o seu jeito de ser. No entanto, algumas dicas podem ser úteis, como: modificar ritmos de apresentação e tonalidade de voz; tentar elaborar a fala de forma clara e com volume suficiente para que todos os alunos possam escutar; fazer perguntas ou incentivar a partilha de reflexões sobre os conceitos que foram ou estão sendo estudados.

 

Preparando um curso

A partir da teoria de Ausubel, Faria (1989) propõe uma seqüência de sete etapas na preparação de um curso:

1. Seleção dos resultados de aprendizagem:

Nesta primeira fase, sugere-se que, em função da ementa recomendada para o curso, sejam selecionados os resultados de aprendizagem pretendidos para a disciplina a ser ministrada. Nesta seleção, devem ser privilegiados os itens curriculares relacionados aos conceitos mais inclusivos, ou seja, aqueles aos quais serão ligados mais conceitos importantes da disciplina e do curso que o aluno está fazendo. Além disso, devem ser selecionados também os conceitos sucessivamente mais específicos, relacionados aos mais amplos já escolhidos, até um dado nível de profundidade que seja adequado aos

alunos aos quais esta disciplina estará direcionada. Esta etapa está relacionada com os fatores substantivos da facilitação pedagógica.

2. Sequenciação do conteúdo curricular:

Uma vez selecionados (1a. etapa), os itens curriculares devem ser seqüenciados, de modo que os mais inclusivos sejam trabalhados antes dos mais específicos, para quem servirão de esteio. Além disso, dentro de um mesmo item curricular, estes princípios da diferenciação progressiva também devem ser respeitados, de modo a se conseguir potencializar uma aprendizagem significativa.

3. Reconciliação integrativa:

Consiste na aplicação deste princípio, já explicado anteriormente, ao material e à aula que serão preparados. E isso não somente com relação aos conceitos que serão trabalhados no curso, como na reconciliação integrativa entre eles e aqueles que os alunos já dominam, de modo a se esclarecerem as semelhanças e diferenças existentes, e a se trabalharem eventuais contradições (reais e aparentes).

4. Verificação dos pré-requisitos:

Uma vez determinados, seqüenciados e estruturados os itens curriculares que se julgaram mais importantes, cabe determinar quais serão os pré-requisitos necessários que os alunos devem respeitar a fim de poderem de fato efetuar uma aprendizagem significativa deste novo material. Caso o professor tenha dúvidas sobre o domínio destes conceitos por parte dos alunos, pode ser bastante útil a aplicação de um préteste.

Assim, verificando-se que boa parte dos alunos não atende aos pré-requisitos necessários para realizar este curso, poderá ser conveniente tornar estes pré-requisitos objetivos instrucionais, integrando-as à parte preliminar do curso.

Caso o curso seja montado segundo o esquema ausubeliano, pretende-se que as unidades anteriores provejam os requisitos necessários para a aprendizagem significativa das subseqüentes. Desta forma, as avaliações podem controlar a progressão dos alunos de uma unidade para a outra. No entanto, caso sejam necessários conceitos/ idéias que não foram trabalhados nos tópicos anteriores, mas que se julga que já foram aprendidos pelos estudantes em alguma disciplina passada, esta avaliação sobre a retenção de um conteúdo estudado no curso não substitui o préteste explicado acima.

5. Avaliação da aprendizagem:

Uma vez determinados os objetivos gerais do curso e os itens curriculares mais importantes, a avaliação só faz sentido se focalizar estes pontos, e se o fizer privilegiando a aprendizagem substantiva, não a literal. Por isso, propõem-se, na montagem de uma avaliação: a inclusão de solução de problemas; a avaliação de um aprendizado (mais recente) que requeira o conhecimento de um material mais antigo; a

inclusão de itens relativos a unidades estudadas a mais longo prazo.

6. Organizadores prévios:

Os organizadores prévios devem ser montados em função dos pré-requisitos que se julgaram necessários e da sequenciação do curso, de modo a proverem os meios necessários a fim de que os novos conceitos a serem trabalhados nos diversos itens curriculares possam se relacionar de forma não-arbitrária e substantiva com conceitos previamente existentes na estrutura cognitiva do aluno.

Para tal, como se explicou, pode-se valer de um organizador comparativo ou de um expositivo, sendo que, para cada unidade, a primeira tarefa do professor nesta sexta etapa é distinção entre qual dos dois tipos utilizar.

7. Estratégia e recursos instrucionais para a promoção de aprendizagem significativa:

Estão relacionadas com estratégias relativas ao uso de materiais instrucionais com guias de estudo e à apresentação de aulas expositivas. No primeiro caso, se o próprio professor elaborar o material, deve fazê-lo, como já explicado, a partir dos princípios da diferenciação progressiva e da reconciliação integrativa. Mas se o professor utilizar materiais já prontos (elaborados por outras pessoas, como livros texto), pode ser útil a preparação de um guia de estudo, onde se tente respeitar estes dois princípios fundamentais na teoria de Ausubel.

No caso da aula expositiva, os cuidados são os mesmos já apresentados anteriormente, referindo-se à satisfação, por parte dos alunos, dos pré-requisitos necessários para a aprendizagem significativa do que se deseja ensinar; à preparação da preleção em consonância com os princípios da diferenciação progressiva e da reconciliação integrativa; o trabalho dos conteúdos de acordo com o que o aluno sabe e de forma significativa para ele (linguagem, metodologia, exemplos,... que tenham a ver com a sua realidade); e ao cuidado com fatores relativos à manutenção da atenção do aluno e à habilidade do professor em se comunicar (fazer-se entender) bem.

Resumindo

Acreditamos que a breve explanação que se fez com relação à teoria de aprendizagem de David Ausubel tenha sido suficientemente clara e profunda para o fim que buscamos com o seu uso no contexto deste trabalho. Como, no entanto, foram envolvidos diversos conceitos, relações e princípios que podem ser novos para o leitor, pensamos em prover um mapa conceitual da teoria, explicitando (e explicando) as diversas relações que julgamos essenciais para o seu bom entendimento, mas respeitando aquele compromisso entre ser completo e ser claro.

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Analisando o mapa conceitual e explicitando/ explicando suas relações, temos: O processo de aprendizagem, segundo Ausubel definiu, seria a “assimilação” pela estrutura  cognitiva do indivíduo (que é constituída pelas idéias, conceitos e pelas relações entre eles) de novos significados. Nesta internalização de idéias e conceitos novos, pode acontecer uma de duas coisas: o aluno aprender significativamente ou de forma mecânica. Para que o aluno aprenda significativamente, é preciso que ele possua vontade de aprender e tenha idéias de esteio na sua estrutura cognitiva, às quais as novas idéias poderiam ser ligadas de forma não-arbitrária e substantiva. Estes seriam os fatores internos (ao indivíduo). Mas para que isso possa acontecer no contexto escolar, é preciso que o material seja

potencialmente significativo, de modo que o aluno possa estabelecer estas ligações com as suas idéias de esteio. Estes seriam os fatores externos.

Ambas, aprendizagem significativa ou mecânica, podem acontecer tanto quando o material é aprendido por recepção (aula expositiva) quanto por descoberta (solução de um problema “sem assistência”, indução,...). No entanto, será somente o aprendizado significativo que potencializará o uso daquilo que foi aprendido de forma diferente daquela que se aprendeu (é substantivo). Além disso, o aprendizado mecânico, tende a ser esquecido em muito menos tempo do que o significativo, visto que, em se relacionado de forma arbitrária, ele não representa um significado novo para o aprendiz, mas uma informação desnecessária, que rapidamente é obliterada pela estrutura cognitiva.

Na aprendizagem significativa, é necessariamente estabelecida uma relação entre o novo conteúdo e aquele que já se sabia. A isso Ausubel denomina de formas de aprendizagem significativa, sendo definidas três categorias possíveis:

• Subordinação: quando o novo conteúdo é uma especificação, uma particularidade, de algo mais geral que já se sabe. Neste caso, aquilo que vai ser aprendido pode ser um mero exemplo que em nada alarga o entendimento daquilo que lhe serviu como âncora, constituindo, então, em subordinação derivativa.

Quando, no entanto, aquilo que se aprende é um exemplo que alarga o seu subsunçor, a aprendizagem é dita subordinada correlativa. Nos dois casos de subordinação, o novo conteúdo é hierarquicamente inferior àquilo que lhe serviu de esteio.

• Superordenação: ocorre quando o que se aprende é mais geral do que as idéias que lhe serviram como âncora, de modo que na hierarquia da estrutura cognitiva, estará posicionado acima destas idéias/ conceitos.

• Correlativa: acontece quando o novo conteúdo não é mais específico nem mais amplo do que aquilo que lhe serviu de esteio. Neste caso, as idéias guardam entre si um mesmo nível hierárquico, não estando nenhuma subordinada à outra.

Ausubel não se preocupa com a aprendizagem significativa por descoberta, dando ênfase muito grande na por recepção. Neste caso, ele propõe alguns princípios e métodos que podem facilitá-la:

• Seleção dos itens curriculares relevantes: corresponde à escolha dos itens curriculares mais inclusivos e importantes para o bom entendimento do conteúdo que se deseja ensinar. Esta escolha deve ser feita em função daquilo que o aluno deve aprender da disciplina e em função do contexto específico que se tem (tipo e formação dos alunos).

• Diferenciação progressiva: equivale ao princípio segundo o qual os conteúdos devem ser apresentados, sempre, a partir dos conceitos/ idéias mais amplos para os mais específicos. Desta forma, uma vez escolhidos os itens curriculares mrelevantes, deve-se sequenciá-los de modo que os mais gerais sejam trabalhados antes dos mais específicos, dos quais servirão como subsunçores.

• Reconciliação integrativa: no processo de montagem da aula e do material instrucional, e no trabalho de “ensiná-los” para os alunos, é preciso que se tenha o cuidado para se efetuarem todas as relações necessárias entre as idéias que se deseja que os alunos aprendam, e entre elas e as idéias que eles já possuem. Neste sentido, deve-se evidenciar semelhanças e diferenças entre conceitos e idéias, bem como ajudar os alunos na solução/ entendimento de eventuais contradições (reais ou aparentes).

• Avaliação: assume dois papéis na facilitação pedagógica: avaliar se os alunos possuem os pré-requisitos necessários para a aprendizagem significativa de um novo conteúdo; e avaliar se um novo conteúdo ensinado durante o curso foi internalizado adequadamente. Além disso, pode ajudar o professor no entendimento de eventuais insucessos de seus alunos, bem como pode servir de

guia/ motivação para o estudo dos estudantes.

• Organizador prévio: é um material introdutório: que vai servir como ponte cognitiva entre aquilo que já se sabe e algo novo, que se deseja ensinar, mas com o qual não se tem familiaridade (organizador explicativo); ou que vai se utilizar de idéias já existentes na estrutura cognitiva do aluno, de modo que o novo conteúdo é inicialmente trabalhado a partir das diferenças e semelhanças que possui com

relação àquilo que já se sabe (organizador comparativo). Em ambos os casos, o organizador serve para que se possam estabelecer de maneira significativa, na estrutura cognitiva do aluno, as idéias mais gerais relativas ao conteúdo que se deseja ensinar, a partir das quais as mais específicas serão trabalhadas (segundo os princípios da diferenciação progressiva e da reconciliação integrativa).

 

Notas

1 Fenomenológico = experiência “sentida” que a pessoa tem frente a um fenômeno (que tem significado para a pessoa; inclui os aspectos conotativos e denotativos). (baseado em Moreira & Masini, 1982, p 104)

2 Uma idéia âncora é denominada subsunçor de uma nova idéia, quando esta nova idéia além de se ligar à primeira de forma significativa, o faz por subordinação. Assim, este termo não é um perfeito sinônimo dos outros apresentados.

 

Referências Bibliográficas

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