TERRA SANTA: O CONFLITO ÁRABE - ISRAELENSE

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Voltaire Schilling  

 

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A chamada Terra Santa, a Terra da Promissão da Bíblia, é geograficamente bem pequena. Mais ou menos uns 30 mil km2, estendendo-se verticalmente do sul do Monte Líbano até o Deserto de Neguev e horizontalmente das costas do Mar Mediterrâneo até às margens do Rio Jordão, que depois de alimentar o Lago da Galiléia, deságua no Mar Morto. Apesar de ser apontada pelos antigos profetas como a terra do maná, onde o alimento por assim dizer caía do céu, a escassez sempre foi comum. As poucas áreas agrícolas existentes, devido a raridade das chuvas, permitiam uma modesta colheita de grãos que nunca se caracterizaram pela abundância ou pela prodigalidade. As áreas pedregosas, por sua vez, bem mais elevadas, foram usadas ao longo da história para a criação de cabritos e ovelhas.

Se a região, sob o ponto de vista econômico, material, foi sempre modestíssima, não tendo minas de ouro ou de mármore, nem sequer poços de petróleo, permanentemente assolada pela pobreza, o mesmo não se aplica ao que ela representou na imaginação religiosa e sobrenatural dos homens. Não há, nem nunca houve, em mais de 5 mil anos de história, um território tão disputado e tão conflagrado como a área da Palestina e do antigo Reino de Israel. Por séculos afora os deuses e os profetas das mais variadas origens e procedências, lutaram entre si, em impressionantes e sangrentas batalhas teológicas, pela conquista dos corações e das mentes dos homens, fazendo daquelas terras abrigo de maravilhas mas também de fanatismos e intermináveis discórdias entre os povos semitas, os descendentes de Abraão ( que, presume-se, teria chegado à região circa de 1.850 a .C.)

 

Sagrada para os três

Para os judeus, provavelmente os seus mais antigos habitantes, ela é a Eretz Israel, a terra dada por Jeová ao Povo Eleito, tendo Jerusalém, cujo terreno original foi tomado dos filisteus pelo rei Davi, como sua eterna capital (circa do ano 1.000 a.C.). Ela é a Terra da Promissão, o local que Deus apontou a Moisés como o lar definitivo dos judeus logo que eles conseguiram escapar do Egito, onde eram mantidos como escravos pelo faraó. Esta relação dos judeus com sua terra assumiu com os tempos um aspecto místico que fazia com que embora eles fossem desterrados varias vezes por inimigos poderosos ( babilônios ou romanos) sempre que estavam na Diáspora encontraram uma maneira de voltar ao seu solo sagrado, local onde o rei Salomão construiu o Primeiro Templo, símbolo integrador das 12 tribos de Israel( circa de 950 a.C.)

Para os cristãos, a Terra Santa é duplamente sagrada. Jesus Cristo, o messias, aquele que além de anunciar a chegada do Reino dos Céus sacrificou-se pelo bem da humanidade inteira, nasceu e morreu nela. O filho de Deus veio ao mundo em Belém, cresceu em Nazaré, pregou na Galiléia e foi crucificado em Jerusalém ( circa do ano 33). Local de onde logo ressuscitou para vir animar seus discípulos a que seguissem na difusão do Evangelho. Apegados ao Novo Testamento, escrito por quatro apóstolos ( a partir da segunda metade do século I), todas as referências que os cristãos neles encontram sobre a vida de Jesus fazem referência à Terra Santa, de onde Cristo jamais saiu, sendo que todos os seus passos, três séculos depois da sua morte, foram reconstituídos por Helena ( circa de 327-8), a mãe do imperador Constantino que se convertera a nova fé no ano de 313. Enquanto em Belém encontra-se a Igreja da Natividade, em Jerusalém acha-se o Santo Sepulcro, o local em que Jesus Cristo foi descido da cruz e onde em seguida abrigaram o seu corpo numa pequena caverna.

Por último, ela é também o Nobre Lugar dos muçulmanos, visto que foi do alto do Haram as-Sharif, o Domo da Rocha - situado na parte elevada de Jerusalém, que depois chamou-se de a Esplanada da Mesquita -, que o profeta Maomé, em espirito, foi encontrar-se com Alá nos céus, no episódio conhecido como a Jornada Noturna do Profeta. Exatamente naquele espaço santo, inundado de fé, é que o califa Omar, a partir de 638, logo que ele ocupou pacificamente Jerusalém ( chamada de Al-Quds pelos maometanos), então em mãos do Patriarca Sofrônio, determinou a construção da estupenda Masjid Al-Aqsa, terminada em 705, para que o esplendoroso templo se tornasse um centro de celebrações islâmicas. Com a bela mesquita, Jerusalém serviu como um alternativa aos fiéis islâmicos que não podiam cumprir com a Hégira, a peregrinação à Meca, berço da religião maometana, fazendo com que a sua magnífica cúpula dourada, que brilha como um sol, servisse de guia e de farol para todos os que quisessem chegar à Jerusalém.

Glória a Ele/ Que atenta para o seu servo à noite desde a Santa Mesquita/ da Primeira Mesquita/ O recinto no qual nos somos abençoados e no qual nós podemos mostrar a Ele alguns dos nossos sinais/ Certamente Ele é o que Tudo-ouve o que Tudo-vê. Sura al-Isra'Corão: 17:1

 

Conquistada e ocupada  

A conseqüência disso, das três grandes religiões, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, fazerem daquele solo algo sagrado aos olhos dos seus seguidores espalhados pelo mundo inteiro, inevitavelmente faz com que qualquer conturbação ou conflito aberto que abale aquela região, eivada de símbolos e de sítios sagrados, torne-se de imediato de interesse universal. Além disso, pela Palestina ser geograficamente uma ponte que liga a África ao Oriente Médio, ela foi ocupada e conquistada por quase todos os reis e generais da antigüidade (Ramsés III, Sargão II, Nabucodonossor, Ciro o grande, Alexandre Magno, Pompeu, Tancredo e Balduíno, Solimão o magnífico, e até Napoleão Bonaparte). Jerusalém, por exemplo, foi tomada 17 vezes ao longo da sua história.

 

Domínios sobre a Palestina

Historicamente ocupada por cananeus, hebreus, filisteus, assírios, babilônios, egípcios, macedônicos, gregos, romanos, bizantinos, turcos seldjúcidas, cavaleiros cruzados, mongóis, mamelucos, árabes muçulmanos, a Palestina em tempos mais recentes caíra no controle do Império Turco Otomano a partir de 1516, quando ficou sob administração da Sublime Porta até o ano de 1918. Ocasião em que, ao final da Primeira Guerra Mundial, os exércitos turcos foram obrigados a recuar frente a ofensiva anglo-francesa, amparada pela revolta das tribos árabes. Toda aquela parte do Oriente Médio, caiu então sob controle dos novos vitoriosos. Os Tratados de Paris de 1919, reafirmados pelo Tratado de Sèvres, de 1920, referendaram a partilha entre o Império Inglês e o Império Francês, que dividiram as antigas possessões turcas entre si. Durante os trinta anos seguintes, ignorando os desejos e autodeterminação dos povos árabes, eles governaram a região a titulo de Protetorado, um eufemismo pseudopaternalista criado pelos diplomatas europeus depois de 1918 para tentar disfarçar a ocupação colonialista do Oriente Médio. Enquanto isso ocorria, judeus e árabes sonhavam com a possibilidade de virem a constituir no tempo mais breve possível os seus estados-nacionais independentes. Quando o final da Segunda Guerra Mundial chegou, em 1945, nem a França nem a Inglaterra tinham mais forças e recursos para continuar o seu domínio colonial, sendo pressionadas a se retirarem da região.

 

Dupla frustração  

Durante mais de vinte anos os árabes viram-se frustrados no desejo de conseguirem a emancipação política do chamado Retângulo Árabe ( a região que abarca a Península Arábica até o Mediterrâneo). Em 1915, por meio da correspondência Hussein-McMahon ( carta datada de 24/10/195), eles haviam obtido garantias do alto comissário inglês do Egito , assegurando que a Grã-Bretanha estava disposta " a reconhecer e apoiar a independência dos Árabes em todas as regiões dentro dos limites requeridos pelo chefe da dinastia Hachemita, o Xerife Hussein ( Arábia, Mesopotâmia e Síria, que abarcava o Líbano), em troca do apoio que as tribos árabes, lideradas pelo Emir Feisal, estavam dispostas a dar na guerra contra o Império Turco. A mesma garantia os ingleses deram à comunidade judaica por meio da Declaração Balfour, de 9 de novembro de 1917, que disse ver com toda a simpatia a instalação de um Lar Nacional Judeu na Palestina. Porém, ao mesmo tempo em que davam essas garantias à árabes e aos judeus, ingleses e franceses tramavam outra coisa: em 1916, às escondidas do mundo, e em total desacordo com as promessas feitas, dois diplomatas, representando os dois impérios, assinaram um acordo: o Acordo Sykes-Picot que dividia a Turquia asiática entre eles. A Grã-Bretanha reclamava o controle da Palestina e da Mesopotâmia ( depois Iraque), enquanto que a França ficava com o Líbano e a Síria. Como não poderia deixar de ser, uma série de amotinamentos começaram a conflagrar todo o Oriente Médio, quando ocorreram violentas rebeliões árabes contra o domínio anglo-francês. Por verem a crescente presença dos judeus na Palestina como uma manobra para enfraquecer a resistência árabe, estes motins também eram dirigidos contra as fazendas e pequenos negócios que os judeus mantinham na Terra Santa.

 

O Lar Nacional dos Judeus  

A conseqüência disso, das três grandes religiões, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, fazerem daquele solo algo sagrado aos olhos dos seus seguidores espalhados pelo mundo inteiro, inevitavelmente faz com que qualquer conturbação ou conflito aberto que abale aquela região, eivada de símbolos e de sítios sagrados, torne-se de imediato de interesse universal. Além disso, pela Palestina ser geograficamente uma ponte que liga a África ao Oriente Médio, ela foi ocupada e conquistada por quase todos os reis e generais da antigüidade ( Ramsés III, Sargão II, Nabucodonossor, Ciro o grande, Alexandre Magno, Pompeu, Tancredo e Balduíno, Solimão o magnífico, e até Napoleão Bonaparte). Jerusalém, por exemplo, foi tomada 17 vezes ao longo da sua história. Domínios sobre a Palestina Historicamente ocupada por cananeus, hebreus, filisteus, assírios, babilônios, egípcios, macedônicos, gregos, romanos, bizantinos, turcos seldjúcidas, cavaleiros cruzados, mongóis, mamelucos, árabes muçulmanos, a Palestina em tempos mais recentes caíra no controle do Império Turco Otomano a partir de 1516, quando ficou sob administração da Sublime Porta até o ano de 1918. Ocasião em que, ao final da Primeira Guerra Mundial, os exércitos turcos foram obrigados a recuar frente a ofensiva anglo-francesa, amparada pela revolta das tribos árabes. Toda aquela parte do Oriente Médio, caiu então sob controle dos novos vitoriosos. Os Tratados de Paris de 1919, reafirmados pelo Tratado de Sèvres, de 1920, referendaram a partilha entre o Império Inglês e o Império Francês, que dividiram as antigas possessões turcas entre si. Durante os trinta anos seguintes, ignorando os desejos e autodeterminação dos povos árabes, eles governaram a região a titulo de Protetorado, um eufemismo pseudopaternalista criado pelos diplomatas europeus depois de 1918 para tentar disfarçar a ocupação colonialista do Oriente Médio. Enquanto isso ocorria, judeus e árabes sonhavam com a possibilidade de virem a constituir no tempo mais breve possível os seus estados-nacionais independentes. Quando o final da Segunda Guerra Mundial chegou, em 1945, nem a França nem a Inglaterra tinham mais forças e recursos para continuar o seu domínio colonial, sendo pressionadas a se retirarem da região. Pompeu tomou Jerusalém no ano 63 a. C. e Tito a destruiu no ano de 70 Dupla frustração Durante mais de vinte anos os árabes viram-se frustrados no desejo de conseguirem a emancipação política do chamado Retângulo Árabe ( a região que abarca a Península Arábica até o Mediterrâneo). Em 1915, por meio da correspondência Hussein-McMahon ( carta datada de 24/10/195), eles haviam obtido garantias do alto comissário inglês do Egito , assegurando que a Grã-Bretanha estava disposta " a reconhecer e apoiar a independência dos Árabes em todas as regiões dentro dos limites requeridos pelo chefe da dinastia Hachemita, o Xerife Hussein ( Arábia, Mesopotâmia e Síria, que abarcava o Líbano), em troca do apoio que as tribos árabes, lideradas pelo Emir Feisal, estavam dispostas a dar na guerra contra o Império Turco. A mesma garantia os ingleses deram à comunidade judaica por meio da Declaração Balfour, de 9 de novembro de 1917, que disse ver com toda a simpatia a instalação de um Lar Nacional Judeu na Palestina. Porém, ao mesmo tempo em que davam essas garantias à árabes e aos judeus, ingleses e franceses tramavam outra coisa: em 1916, às escondidas do mundo, e em total desacordo com as promessas feitas, dois diplomatas, representando os dois impérios, assinaram um acordo: o Acordo Sykes-Picot que dividia a Turquia asiática entre eles. A Grã-Bretanha reclamava o controle da Palestina e da Mesopotâmia ( depois Iraque), enquanto que a França ficava com o Líbano e a Síria. Como não poderia deixar de ser, uma série de amotinamentos começaram a conflagrar todo o Oriente Médio, quando ocorreram violentas rebeliões árabes contra o domínio anglo-francês. Por verem a crescente presença dos judeus na Palestina como uma manobra para enfraquecer a resistência árabe, estes motins também eram dirigidos contra as fazendas e pequenos negócios que os judeus mantinham na Terra Santa. Ingleses ocupam Palestina O Lar Nacional dos Judeus Desde o século XIX, a comunidade judaica européia procurava uma solução para escapar do crescente anti-semitismo que se espalhava pelo Velho Mundo. A ascensão do movimento nacionalista na Rússia, na Alemanha, na Áustria e na França, deu para apontar os judeus como potenciais traidores da causa pátria. Desde 1882, resultado dos pogroms russos na época de Alexandre III, os judeus haviam formado a Chovevei Zion ( os amantes de Sion), uma organização que promovia o retorno de famílias judaicas para a Palestina ( então controlada pelos turcos). Num primeiro momento eles contaram com o apoio do Barão de Rothshild, uma das grandes fortunas das finanças daquela época, que concordou em comprar terras na região ( $ 6 milhões de libras entre 1884-1900) para restaurar o Yishuv, o antigo assentamento dos judeus na Terra Santa. O movimento de retorno porém, adquiriu mais peso a partir do Caso Dreyfuss ( ocasião que na França um oficial judeu foi injustamente acusado de traição) que provocou uma enorme onda de anti-semitismo na França. A isso somou-se o crescente mal-estar da comunidade judaica no lado leste da Europa, seguidamente ameaçados pelos pogroms e por perseguições racistas desencadeadas pelos grupos e partidos anti-semitas que não aceitavam a integração nos direitos gerais de cidadania, movimento que vinha des de a Revolução Francesa de 1789. Para responder a esta nova situação, Theodor Herzen, um jornalista, no ano de 1897, organizou o Primeiro Congresso Sionista na Basiléia. Anteriormente, em 1896, ele publicara o seu livro Der Judenstaat,( O Estado Judeu), lançando os fundamentos do futuro estado judeu na Palestina. A questão judaica tornar-se um questão nacional, cujo encaminhamento caberia aos próprios judeus. O fato de um numero considerável de delegados judeus terem-se reunido numa cidade suíça incendiou a imaginação dos anti-semitas. Um general do serviço secreto russo fez difundir um pequeno livro apócrifo intitulado " os Protocolos dos Sábios do Sião", para denunciar a existência de um conspiração judaica para dominar o mundo. Desde então o Movimento Sionista assumiu o controle das chamadas aliyahs, isto é, o translado de judeus para a instalação no futuro Lar Nacional na Palestina.

 

A Fundação do Estado de Israel  

Não se entende a fundação do estados de Israel, decisão adotada pela ONU em 1947, com o apoio dos Estados Unidos e da URSS, representados respectivamente por Hershel V. Johnson e Andrei Gromyko, sem a ocorrência da grande tragédia do século que foi o Holocausto da população judaica européia nas mãos dos nazistas. Durante os anos de 1941 até 1945, aproximadamente 6 milhões de judeus pereceram nos campos de extermínio erguidos pelos seguidores de Hitler. Este genocídio em massa abriu as portas para que o Ocidente, em aliança com a União Soviética, chocados com a extensão do horror gerado pelo anti-semitismo, entendesse ter chegado a hora de permitir aos judeus sobreviventes do massacre a instalação de um estado seu na Palestina ( ainda protetorado britânico), e ao mesmo tempo enfraquecer os britânicos e as monarquias árabes aliadas deles na região. Pensavam assim também dar um fim nas tumultuadas e injustas relações que os cristãos mantinham com os judeus desde séculos e compensar e reparar o êxodo do povo judeu, determinado pelo general romano Tito no ano 70, quando o Segundo Templo foi definitivamente destruído. Por determinação da Resolução 181 tomada pela Assembléia Geral da ONU, na sessão do dia 29 de novembro de 1947, por 33 votos contra 13, a Palestina seria partilhada entre judeus e árabes palestinos que formariam, a partir de agosto de 1948, uma federação procurando formar um denominador econômico em comum. Além disso, ambos os estados se comprometeriam ao cumprimento das seguintes cláusulas: 1) respeitar a integridade dos lugares santos, dos edifícios e dos sítios religiosos, sem lhes causar nenhum tipo de dano; 2) direito à liberdade de consciência e de culto, respeitando o direito das minorias; 3) acatar que todos os residentes na Palestina têm direito à cidadania e são cidadãos dos respectivos estados onde moram: 4 ) e que qualquer desavença entre eles será dirimida pela Assembléia Geral da ONU.

 

img1.gifA partilha original

 

Estado Judeu

Área: 8.850 km2 (55%)

População: 587 mil judeus e 397 mil árabes

Estado Árabe

Área: 7.240 km2(45%)

804 mil árabes e 10 mil judeus

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Partilha da Palestina ( mapa de 1947), áreas verdes para israelenses, áreas rubras para os árabes

 

 

A catástrofe palestina

A Resolução 181, que de fato retomou com algumas alterações o plano britânico da partilha da Palestina de 1937, foi imediatamente rejeitada por todo o mundo árabe. Os palestinos entenderam a fundação de um Estado Judeu como o prolongamento da ocupação colonialista por outros meios. Saíram os britânicos e chegaram em massa os judeus da Diáspora, apoiados pelos americanos e pelos soviéticos. O resultado disso é que eles perderam suas terras, tendo que se dispersarem pelas regiões vizinhas, ou sendo confinados em territórios ou em 59 acampamentos muito exíguos, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Se os judeus tiveram que sobreviver no seu passado recente o terrível experimento do Holocausto, os palestinos passaram a chamar o surgimento do Estado de Israel - defendido pelo " muro de aço" preconizado por Vladimir Jabotinsky, um estado forte e dotado de ímpeto colonizador - de Nakba, a Catástrofe. Situação trágica que somente piorou pois a cada guerra que os árabes perderam ao longo desse meio século, mais extenso e mais forte fica o Estado de Israel, que hoje ocupa 20.770 km 2. Situação que somente se agrava devido a política de implantação dos assentamentos judaicos nas áreas palestinas, intensificada depois do Congresso Sionista de 1968, foco de insatisfação permanente e de intermináveis altercações ( são 200 mil colonos na Cisjordânia e 6 mil em Gaza), protegidos permanentemente pelo exército ( o Tzahal é o mais poderoso e eficiente exército do Oriente Médio e o único invicto).

Para manifestar sua desconformidade com a ocupação militar, os palestinos, desde a fundação da OLP ( Organização para a Libertação da Palestina, chamada Al-Fatah), em 1965, aderiram à praticas terroristas e à espetaculares atentados cometidos pelos sahyds, os mártires, militantes suicidas que voluntariamente se oferecem para explodirem-se em lugares públicos, vitimando civis de maneira indiscriminada. Desta forma, a solução encontrada pela ONU para resolver a Questão Judaica, por vias tortas, engendrou a Questão Palestina, o que levou os dois povos a viverem num permanente clima de guerra civil que está muito longe de encontrar a paz. Confrontam-se na Terra Santa, não só os seguidores de Jeová contra os de Alá, mas também dois nacionalismos: o árabe e o sionista.

 

Palestinos refugiados

 

População Local

Registro de refugiados:

% de refugiados:

Número de campos:

Líbano:
Síria:
Jordânia:
Gaza:
Cisjordânia:
Total:

3.400,000
14.618,393
4.139,458
963,000
1.571,575

352,668
347,391
1,358,706
716,930
532,438
3.308.133

10.4
2.4
32.8
74.4
33.9

12
10
10
8
19

 

As guerras Árabe-israelenses e os levantes palestinos

Ano:

Descrição:

Denominação:

1948

Israel contra as monarquias árabes e a republica da Síria. A vitória resultou no alargamento do território original de Israel.

Guerra de Independência de Israel

1956

Israel junta-se às forças colonialistas da França e da Grã-Bretanha para uma rápida campanha contra o Egito

Guerra do Suez

1967

Israel ataca de surpresa todos os seus vizinhos, chegando até o Canal de Suez. Ocupa o restante da Palestina, as colinas de Golan bem como Jerusalém oriental. Foi sua maior vitória militar até então, fazendo com que controlasse 75% do território.

Guerra dos Seis Dias

1973

Israel é atacado de surpresa por seus vizinhos mas rapidamente consegue contra-atacar e submeter parte do exército egípcio ao cerco.

Guerra do Yon Kipur

1982

Israel invade o Líbano para destruir as bases da guerrilha da OLP. Bombardeio de Beirute e formação da Zona de Segurança na fronteira israelense-libanesa, ocupação que se estendeu por vinte anos.

Invasão do Líbano

1987-1993

Levante popular palestino nos territórios ocupados por Israel desde 1967.

A Primeira Intifada

2000

Depois do incidente da Esplanada durante a visita do general Ariel Sharon, explode um levante em massa dos palestinos nos territórios ocupados, seguidos de atentados suicidas de integrantes do Hamas e Jihad Islâmica.

A Segunda Intifada (Al-Aqsa Intifada)

O impasse

Nenhum dos dois lados, nem israelenses nem árabes, têm condições de vencer o conflito em condições definitivas. Em primeiro lugar porque Israel, particularmente depois da defecção do regime do xá do Irã em 1979, ocupa um importante lugar na estratégia norte-americana para o Oriente Médio. Região que, no seu subsolo, concentra mais de 60% da reservas de petróleo conhecidas e que está ameaçada por conturbações políticas e religiosas intermitentes, tornando o Estado Judeu o único aliado realmente estável e confiável em toda aquela área vital. Isto faz com que os EUA, com inimagináveis recursos atômicos, subsidiem Israel com auxílios econômicos e militares impressionantes (ao redor de US $ 3 bilhões anuais). Os adeptos de Yasser Arafat, por sua vez, apesar de mal conseguirem manter o governo da Autoridade Nacional Palestina, instituição criada a partir dos acordos de Oslo de 1993, potencialmente contam com o apoio de mais de cem milhões de muçulmanos seus vizinhos e com os recursos econômicos, ainda que contidos, dos principais produtores de petróleo da área. Tudo depende pois do arrefecimento do ódio desencadeado entre os dois povos nesses anos todos de enfrentamentos sangrentos que conspurcam a Terra Santa, e do reconhecimento de que a antiga Palestina deve abrigar dois estados, como determinou a ONU em 1947.

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